Quénia. Plenária dos Bispos: apelo à reconciliação nacional
Bernardo Suate - Cidade do Vaticano
"Um passo importante na direcção certa, mas que deve ser acelerado para se chegar a uma reconciliação duradoura": afirmam os bispos do Quénia com referência ao encontro de 9 de março entre o Presidente Uhuru Kenyatta e o líder da oposição Raila Odinga, visando superar as tensões pelas disputadas eleições presidenciais do ano passado.
Che de Estado deve estar acima dos partidos políticos
No comunicado publicado no fim da sua Assembleia Plenária, os Bispos esperam que se estabeleça uma "Mesa Redonda incluindo todas as partes envolvidas, para limar todas as diferenças que separam os quenianos". Os bispos esperam, além disso, a transformação da Presidência numa instituição que "está acima dos partidos políticos, de modo que não seja objecto de um duro conflito político, como aconteceu nas disputadas eleições presidenciais de 2007 e 2017". Em 2007, em particular, as contestações degeneraram em violência que durou alguns meses, com milhares de mortos e cerca de um milhão de deslocados.
Corrupção, nepotismo e tribalismo: os males da política
A Conferência Episcopal diz, no entanto, de estar "muito perturbada pelo facto de que alguns políticos pensam apenas na próxima campanha eleitoral e já estão obcecados com as próximas eleições em 2022, em vez de concentrar os seus esforços na resolução dos problemas dos quenianos". Os bispos criticam, além disso, a corrupção, o nepotismo e o tribalismo, males generalizados, especialmente a nível dos municípios. "A devolução dos poderes é uma coisa boa se houver bons administradores", afirmam os bispos.
Falta de serviços aos cidadãos
"Sabemos que existem líderes sérios que querem trazer mudanças significativas e estão ansiosos de utilizar os recursos disponíveis para o benefício de todas as pessoas nos seus respectivos municípios – lê-se ainda na nota - Infelizmente também existem aqueles que estão lá apenas para saquear os fundos que lhes foram atribuídos. " "Nalguns municípios, o tribalismo é uma prática evidente - continua o documento – se está a perpetuar um mau hábito que está a destruir o nosso País. Nestes municípios são empregados somente aqueles que pertencem à tribo dominante. Pensa-se apenas que é "a nossa vez de comer" e não de prestar serviços aos cidadãos de maneira profissional.
Desemprego juvenil, uma bomba-relógio
A corrupção agrava as pesadas condições económicas do País, que resultam numa alta taxa de desemprego juvenil, definida pelos bispos como "uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento". "Por desespero, muitos jovens acabam por se juntar a gangues, milícias e grupos terroristas, enquanto outros se entregam às drogas e ao álcool, perdendo suas vidas". "A criação de empregos deveria estar no topo da agenda de qualquer País", afirmam os prelados.
Mais recursos para os agricultores
Daí, também o apelo da Igreja para proteger a terra adequada à agricultura: "O Quénia é um País agrícola - sublinham os bispos - e, portanto, mais recursos deveriam ser alocados aos agricultores para trabalharem a terra e produzir alimentos. É muito triste ver os agricultores frustrados por causa dos baixos preços dos seus produtos. Vimos como, em vez de comprar dos agricultores, os cartazes comerciais podem importar os mesmos produtos do exterior, matando assim os esforços do nosso próprio povo. Pedimos ao governo que proteja os nossos camponeses”.
Não às uniões homosexuais e à poligamia
Finalmente, os Bispos reiteram a sua oposição "às tentativas de introduzir no Quénia as uniões homossexuais e a promoção da poligamia. São contra a vontade de Deus e devemos desistir delas. Deixemos que os nossos líderes se comprometam a propor ideias melhores para promover e proteger os valores familiares". – Agência Fides, para o vatican News.
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