RD Congo: Bispos pedem eleições inclusivas e regulares
Andrea Gangi – Cidade do Vaticano
Não à manipulação da justiça. Não à exclusão de candidatos. As eleições não inclusivas são prejudiciais para o processo de pacificação do País. A Igreja teme o pior, porque muitas vezes, no passado, as eleições foram adiadas. Precisamos de "eleições credíveis, transparentes, inclusivas e regulares", caso contrário, a alegria pelo início do processo eleitoral "se transformará numa ilusão" – assim se exprime Dom Tapa, arcebispo de Kisagani, dirigindo-se à ONU.
As eleições de dezembro
23 de dezembro de 2018 é a data das eleições presidenciais e legislativas no Congo. O segundo e último mandato do Presidente cessante Joseph Kabila expirou em 20 de dezembro de 2016, mas a votação foi repetidamente adiada, despertando temores na oposição e na sociedade civil. Pensava-se que Kabila quisesse modificar a Constituição para se apresentar nas eleições e obter um terceiro mandato. Os bispos mediaram na crise política e em dezembro de 2016 foi assinado o Acordo de S. Silvestre, que previa um período de transição, com Kabila Presidente, para preparar as eleições. E depois foi nomeado pela maioria presidencial Emmanuel Ramazani Shadary, o que contribuiu a acalmar os espíritos. No entanto, ainda persistem problemas relativos a seis milhões de eleitores registados sem impressões digitais e ao uso de máquinas eleitorais.
A ilusão do voto
A alegria pelo início do processo eleitoral "se transformará numa ilusão se isso não levar à organização de eleições credíveis, transparentes, inclusivas e pacíficas" - palavras de Dom Marcel Utembi Tapa, arcebispo de Kisangani e presidente da Conferência Episcopal do Congo, CENCO. O prelado fez estas declarações ao Conselho de Segurança da ONU, sobre o estado do processo eleitoral na República Democrática do Congo.
Igreja ocupada
Segundo a CENCO, o fracasso na implementação de "eleições credíveis e transparentes" constitui "um risco latente se as seguintes preocupações não forem abordadas: esclarecimento da situação de milhões de eleitores cadastrados nos cadernos eleitorais sem impressões digitais; falta de consenso sobre o uso de máquinas eleitorais electrónicas; não cumprimento das importantes medidas de garantia previstas no Acordo de São Silvestre".
Não à manipulação da justiça
"No geral - dizem os bispos - a apresentação das candidaturas ocorreu num ambiente calmo e espírito patriótico, com excepção para o caso do político Moïse Katumbi, para o qual recordamos ao governo o respeito do Acordo de São Silvestre" . Katumbi, ex-governador de Katanga, foi acusado de conspirar contra Kabila. Por isso, ele foi privado do passaporte congolês e do direito de regressar à RDC. Apesar das limitações, ele anunciou que queria concorrer como Presidente.
"Devemos evitar de forçar a interpretação das leis e manipular a justiça com o fim de excluir arbitrariamente certos candidatos da competição eleitoral. As eleições não inclusivas são prejudiciais para o processo de pacificação do País ", reitera o arcebispo Utembi Tapa.
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