Paulo VI e os PALOP – Evocação de alguns aspectos marcantes
Dulce Araújo - Cidade do Vaticano
Faz no dia 6 Agosto de 2018, 40 anos que faleceu o Papa Paulo VI, que de resto será canonizado a 14 de Outubro deste ano. Um Papa cujo pontificado ficou muito ligado ao continente africano, não só pela sua viagem a Kampala em 1969, pela canonização dos Mártires do Uganda, pela sua carta “Africae Terrarum” em que valoriza, com discernimento, a cultura do continente e o convida a ser missionário de si mesmo, mas também por ter recebido em audiência a 1 de Julho de 1970 os líderes da luta pela independência das então colónias portuguesas em África: Amílcar Cabral (Guiné-Bissau /Cabo Verde), Agostinho Neto (Angola) e Marcelino dos Santos (Moçambique). Uma audiência histórica que foi evocada precisamente no dia 1 de Julho deste ano, na Sala Marconi da Rádio Vaticano, onde foi apresentado o livro “Itinerários de Amílcar Cabral”; uma colectânea de postais que Cabral enviava das suas viagens diplomáticas à esposa Ana Maria Cabral e que ela deu agora à estampa com o intento de transmitir o ideal de A. Cabral aos jovens de hoje.
Publicada em Junho deste ano, pela Casa Editora “Rosa de Porcelana”, a obra teve como um dos apresentadores D. Carlos Azevedo, Delegado do Conselho Pontifício da Cultura que fez uma elucidação cabal do livro, mostrando a sua beleza, importância das novidades que traz e conexão entre o conteúdo dos postais e a causa pela qual Cabral lutava.
Por sua vez, o Dr. José Maria Neves, antigo Primeiro Ministro de Cabo Verde, hoje à frente da Fundação em seu nome para a Governação, pôs em realce, ao apresentar o livro, o caracter plural de Amílcar Cabral, a sua fé na justiça, dignidade e amor pelo ser humano, facto que o levou a lutar para acabar com todas as formas de subjugação do homem pelo homem.
Lutador, fino diplomático, Cabral percorreu o mundo numa acção de sensibilização a favor da causa dos povos da Guiné-Bissau e Cabo Verde, da África, e foi nesta senda que chefiou a delegação recebida pelo Papa Paulo VI a 1 de julho de 1970.
De espírito poético, soube nesses postais combinar imagens e palavras para exprimir amor, proximidade à família e aos seus povos .
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