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Cardeal Dieudonné Nzapalainga, arcebispo de Bangui, na RCA Cardeal Dieudonné Nzapalainga, arcebispo de Bangui, na RCA 

RCA. Cardeal Nzapalainga, portador de esperança no País

Estradas inexistentes, falta de médicos e professores, populações abandonadas, presença constante de grupos armados: o nordeste da República Centro-Africana (RCA) é um buraco negro, onde o Cardeal Nzapalainga, arcebispo de Bangui, fez recentemente uma viagem pastoral e pôde constatar as necessidades da região.

Cidade do Vaticano

Realizar uma viagem pastoral na República Centro-Africana é uma aventura. O Cardeal Nzapalainga, o arcebispo da capital, Bangui, sabe bem disso. Já viajou por várias regiões do País, levando o seu testemunho, confirmando a fé dos fiéis, pregando a paz e a concórdia. Apesar das dificuldades materiais e da situação de segurança ainda instável, ele não hesita em ir ao encontro do "povo de Deus”.

Desta vez, o Cardeal visitou o nordeste. Foi aos confins da República Centro-Africana, do Chade e do Sudão, na cidade de Birao, a 1.350 quilómetros de Bangui. Uma odisséia, considerando que não há estradas, mas apenas trilhos precários. Além disso, o arcebispo, que conduz ele mesmo, fez um despiste: a viatura deitou-se literalmente, e o arcebispo saiu ileso bem como os seus companheiros de viagem.

 

Mas os riscos valem o jogo: "Durante dez anos, os fiéis não receberam confirmação. Que emoção ver em cada momento alguém carregado nos braços como se tivesse marcado um golo porque eles esperaram dez anos. A fé permaneceu firme ", diz D. Nzapalainga com o sorriso nos lábios.

Ausência de médicos e professores

Por todo o País por onde passa, o Cardeal Nzapalainga apercebe-se do estado de pobreza em que vive a população. Comunicações rápidas de um lugar para o outro são quase impossíveis por causa das péssimas condições das estradas. Como fazer para chegar a uma clínica quando são necessárias várias horas de estrada para alcançá-la e, ainda, quando se tem a sorte de ter uma motocicleta ou de subir num caminhão ou pick-up. E aqueles que só podem ir a pé?

E ainda, uma vez chegados à clínica, os problemas não estão resolvidos. Não há médicos, na melhor das hipóteses apenas enfermeiras que se improvisam parteiras ou cirurgiões. A mesma coisa para a escola. O Cardeal Nzapalainga apenas encontrou dois mestres na região. Um deles deu-lhe "uma carta cheia de erros", admite o Prelado, lamentando que as instituições educacionais da população sejam tão frágeis. Para ele, é óbvio: "é preciso estar lá para lhes dar a sua dignidade de filhos de Deus”.

Presença de grupos armados

Apesar da assinatura do acordo de Bangui no passado dia 6 de fevereiro, os grupos armados que ainda controlam a maior parte do território não foram dissolvidos. Eles ainda impõem as suas leis e obrigam a ONU, as ONGs e o governo da República Centro-Africana e os seus representantes a tomarem decisões constantes no parlamento. Estão "por todo o lado", explica o Cardeal que também veio trazer uma palavra de "apaziguamento”.

Mas ele tem a impressão de que "alguns grupos armados estão a opôr-se", uma alusão às críticas feitas por mais da metade dos quatorze signatários do acordo, depois da formação do novo governo no domingo, 3 de março. No entanto, é hora do diálogo, para a construção de um país melhor, diz o Arcebispo de Bangui.

Um dom de Deus

Nesse quadro escuro, há um sinal de esperança e uma fonte de alegria: o novo centro de re-nutrição terapêutica das crianças desnutridas do hospital pediátrico de Bangui, inaugurado no passado dia 2 de março, na presença do Cardeal Krajewski, o Esmoleiro do Papa Francisco. "É um dom de Deus", "é uma piscadela que Deus nos faz através do Papa", exclama o Cardeal. Este centro, cuja construção foi pilotada e em grande parte financiada pelo hospital Bambino Gesù, o hospital para crianças do Papa, vai permitir de responder melhor às necessidades dos mais fracos, como o havia desejado Francisco depois da sua visita ao local, no dia 29 de novembro de 2015.

"Deus veio até perto de nós", comoveu-se o arcebispo de Bangui. "Ao reabilitar este complexo, ele dá a vida, a dignidade". "Ele permite que as pessoas que estão aqui possam ser consideradas seres humanos, e não animais". E insistiu: "É o gesto de proximidade de um pai, de um pastor que veio e que não apenas sentiu o cheiro das ovelhas, mas as tocou!". "É um grande testemunho de amor", concluiu o Cardeal, pronto a continuar a sua missão em toda a República Centro-Africana.

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11 março 2019, 12:39