Angola – “Luanda LEAKS” com novos contornos
Anastácio Sasembele - Luanda
O Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Grós, admitiu esta quarta-feira, em Luanda, a possibilidade de se emitir um mandado de captura contra a empresária angolana Isabel dos Santos, constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos, durante a sua passagem pela petrolífera estatal SONANGOL.
Além de Isabel dos Santos, são também arguidos Sarju Raikundalia, ex-administrador financeiro da Sonangol, Mário Leite da Silva, gestor da empresária e presidente do conselho de administração do Banco de Fomento Angola (BFA), Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e administradora da NOS, e Nuno Ribeiro da Cunha, director do EuroBic.
Em declarações à imprensa, na sequência da divulgação da investigação internacional "Luanda Leaks", Hélder Pitta Grós sublinhou que a lei dá essa faculdade.
Segundo o Procurador-Geral da República, está em curso uma investigação por branqueamento de capitais contra a Isabel dos Santos.
A este propósito, o magistrado adiantou que o processo está numa "fase decisiva" e que a empresária ainda não foi ouvida porque saiu do país no mesmo dia em que foi notificada.
Na ocasião, informou que a ex-presidente do Conselho de Administração da SONANGOL e seus colaboradores mais próximos na petrolífera angolana foram constituídos arguidos.
O magistrado não colocou de parte a possibilidade de emissão de mandados de captura internacionais, bem como recorrer à cooperação da Interpol e da Europol, caso os visados não se apresentem à justiça angolana voluntariamente.
Nesta quinta – feira (23/20) foi manchete na imprensa angolana a renúncia ao cargo de presidente do Conselho de Administração do Banco de Fomento Angola (BFA), Mário Leite Silva, gestor de Isabel dos Santos.
A informação no site do banco foi hoje (23/20) transmitida aos trabalhadores do banco angolano.
Mário Leite Silva é um dos facilitadores portugueses dos negócios de Isabel dos Santos que envolvem esquemas financeiros suspeitos.
O reverendo Ntoni – a – Nzinga apela o alargamento do combate a corrupção em Angola e revela que existem gestores públicos que no passado desviaram os activos do estado e não estão a ser tocados pela justiça angolana.
Luísa Damião, Vice-presidente do MPLA, partido que governa o país desde a independência de Angola em 1975, ao comentar sobre o caso Luanda Leaks, levado acabo por um consórcio de Jornalistas que investiga a origem da fortuna de Isabel dos Santos, disse que todos os militantes do MPLA não são corruptos, tendo acrescentado que o seu partido está mais forte e unido.
UNITA pede a criança de uma frente patriótica nacional
E a UNITA maior partido na oposição em Angola pede que seja criada com urgência uma frente patriótica nacional e inclusiva para um combate efectivo e eficaz contra a corrupção como garantia da estabilidade socioeconómica do país.
A posição do “Galo Negro” foi apresentada na tarde desta quarta-feira, nas suas instalações na Maianga e surge em função dos últimos acontecimentos candentes do momento com realce para o caso Luanda Leaks.
Isabel dos Santos, filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, foi visada pelo Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que revelou, no domingo, mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de "Luanda Leaks", que detalham esquemas financeiros usados por si e pelo marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais. Segundo os documentos, Isabel e Sindika têm participações accionistas de empresas e bens em países como Angola, Portugal, Reino Unido, Dubai e Mónaco.
A empresária disse estar a ser vítima de um ataque político orquestrado para a neutralizar e sustentou que as alegações feitas contra si são "completamente infundadas", prometendo "lutar nos tribunais internacionais" para "repor a verdade".
Segundo os documentos, Isabel dos Santos e Sindika Dokolo têm participações accionistas de empresas e bens, como imobiliários, em países como Angola, Portugal, Reino Unido, Dubai e Mónaco.
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