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D. Claudio Dalla Zuanna, Arcebispo da Beira, Moçambique D. Claudio Dalla Zuanna, Arcebispo da Beira, Moçambique 

“Moçambique é um país a caminho da reconciliação”

Entrevista à VATICAN NEWS na capital portuguesa de D. Claudio Dalla Zuana, arcebispo da Beira que dá um retrato do país e da região quase um ano depois da tragédia do Idai.

Domingos Pinto - Lisboa

“Há mais de 20 mil alunos nas escolas que dependem da arquidiocese. Muitas das escolas, algumas com mais de 3 mil alunos, foram praticamente destruídas com o ciclone Idai. As escolas foram uma das prioridades que a diocese escolheu para a reconstrução.

Declarações de D. Claudio Dalla Zuana, arcebispo da Beira, ao portal da Santa Sé no contexto de uma iniciativa da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) que acaba de lançar uma campanha nacional de apoio às suas congéneres de Moçambique devastadas pelo ciclone Idai, em março de 2019.

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“A imagem, talvez mais triste, pode ser vista nos bairros da periferia”, diz o arcebispo da Beira que fala numa cidade em reconstrução, onde “os telhados dos prédios ainda não foram refeitos”.

Muitas famílias sem abrigo

“Com o recomeço das chuvas, da estação das chuvas, estamos numa situação muito parecida com aquela que tivemos depois do ciclone IDAI”, adverte o prelado que fala em bairros sem saneamento, inundados e “muitas famílias não têm onde encontrar abrigo”.

D. Claudio Dalla Zuana lembra que “na fase da emergência, houve uma grande ajuda, uma grande presença”, mas “nesta fase da reconstrução tudo parece ser muito mais vagaroso.”

Comunidade internacional prometeu muito, mas muita coisa ainda não chegou

“Grandes obras de reconstrução ainda não começaram, sobretudo no que se refere aos bairros da periferia”, diz o arcebispo da Beira que lembra que  a Comunidade Internacional “prometeu muito, mas não se sabe se eram promessas de novas entradas, novos recursos, ou recursos já destinados a Moçambique e orientados para o ciclone IDAI”.

“Muita coisa ainda não chegou, ainda está ao nível das promessas”, sublinha D. Claudio Zuana que fala da pobreza e da fome que atingem o país onde “o grande desafio é dar uma perspetiva à juventude”.

Não há perspectiva de trabalho e de futuro

“55% da população tem menos de 20 anos (de idade), e para a maioria deles não há perspetiva de futuro, porque não há um nível escolar que garanta, que dê os instrumentos para enfrentar a vida, não há uma perspetiva de trabalho”, explica o prelado que espera que as riquezas naturais como a exploração do carvão  e do gás sejam colocadas ao serviço da “instrução, da saúde, das infraestruturas e da produção”.

Moçambique um país a caminho da reconciliação

Para o arcebispo da Beira, Moçambique “é um país a caminho da reconciliação”, ou seja, “não é ainda totalmente reconciliado” porque “ainda há alguns focos de tensão, mas se está a dar passos”.

Ao portal da Santa Sé D. Claudio Dalla Zuana manifesta ainda total sintonia dos jovens moçambicanos com as Jornadas Mundiais das Juventude a realizar em 2022 em Lisboa, mas reafirma as dificuldades da sua “participação física” em função da pobreza em que se encontram.

Visita do Papa foi como “chuva sobre uma terra seca”

O arcebispo da Beira lembra ainda a visita que o Papa Francisco fez a Moçambique em setembro do ano passado, um papa que “toca de perto as pessoas, as pessoas simples, as pessoas que vivem numa situação de dificuldade”.

“O que ele disse nós o consideramos como chuva sobre uma terra seca, sedenta, e por isso esperamos que esta palavra dê também fruto no meio de nós”, conclui D. Claudio Dalla Zuana.

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31 janeiro 2020, 17:28