África. Comissão Permanente Recowa-Cerao: tutelar direitos humanos e meio ambiente
Cidade do Vaticano
Os trabalhos foram abertos pelo presidente do Organismo, o arcebispo de Abuja (Nigéria), D. Inácio A. Kaigama, e neles também participou o Núncio apostólico no País, D. Paolo Borgia - lê-se no site da Recowa-Cerao.
Grandes investimentos privados e expropriação de populações mais pobres
O prelado deu uma ampla panorâmica sobre a situação em África: em particular, foram mencionados os grandes investimentos privados que, desde a primeira década deste século XXI, envolvem os terrenos agrícolas do continente. "A monopolização maciça destas terras - disse o arcebispo Kaigama – traduz-se na expropriação das populações mais pobres, mesmo que paradoxalmente esteja a ser realizada em nome do desenvolvimento económico e social”.
Desenvolvimento não em detrimento ddas pessoas e do meio ambiente
Como consequência disso, uma vez expropriadas das suas terras, "as populações permanecem privadas dos recursos naturais essenciais para a sua sobrevivência", enquanto a exploração maciça de enormes áreas agrícolas não corresponde de maneira alguma às necessidades locais, ou seja, de "viver em paz num ambiente saudável e que garanta as necessidades básicas, como a autonomia alimentar”. O mesmo se diga, reiterou o arcebispo de Abuja, também quanto à poluição das bacias de água que compromete seriamente a vida das comunidades fluviais. "Não nos opomos ao desenvolvimento - acrescentou o prelado - queremos apenas que ele não se faça em detrimento dos direitos das pessoas e do meio ambiente”.
Exploração da religião esconde ambições políticas e económicas
E sem esquecermos, tão pouco, "a violência, os sequestros, assassinatos" e os vários "problemas alarmantes" que acontecem no Burkina Faso, Mali, Níger e Nigéria. A este propósito, D. Kaigama notificou que os menores mortos por ataques armados na região, durante o ano de 2019, foram 2.159, aos quais se devem acrescentar mais de 200 sequestros. "Nos recusamos a ver causas religiosas nesses problemas - sublinhou o presidente da Reocowa-Cerao. A exploração da religião na verdade esconde ambições políticas e, talvez, económicas". Daí o apelo aos governos dos Países envolvidos para que se empenhem "a fazer melhor e mais" no combate a tais episódios, porque "a luta é dura e complexa”.
Poupar a região da violência pré, durante e pós-eleitoral
Olhando, enfim, para as eleições presidenciais que, durante o ano de 2020, terão lugar na Costa do Marfim, Burkina Faso, Gana, Guiné, Níger e Togo, o presidente da Recowa-Cerao pediu "a todas as classes políticas, ao governo, à maioria, à oposição, à sociedade civil" de cada uma das nações "a trabalharem juntos para estabelecer códigos eleitorais e estruturas justas e transparentes, a fim de pouparem a nossa região da violência pré, durante e pós-eleitoral". "A gente sofreu demais nas votações anteriores", enfatizou o prelado.
Jornada da Juventude da África Ocidental
O arcebispo nigeriano também lançou um convite a reflectir sobre o "projeto de uma Jornada da Juventude da África Ocidental", para recolher deste modo a idéia apresentada por alguns Escritórios diocesanos para a Pastoral juvenil. Foi também central a análise dos procedimentos financeiros, de contabilidade e administrativos estabelecidos em 2016, bem como a concretização do projeto de compra de um terreno destinado a hospedar de forma permanente o Secretariado-Geral do Recowa-Cerao, cuja quarta Assembléia Plenária foi entretanto programada para 2022, na Nigéria.
Dissipar contradições para dar testemunho credível e sem compromissos
Da intervenção do arcebispo de Abuja veio também o convite a "traçar percursos para uma acção forte e comprometida para com as populações mais vulneráveis", partilhando "recursos e acções" de cada uma das Igrejas, e "dissipando as contradições internas, a fim de oferecermos um testemunho do evangelho credível e sem compromissos”. Finalmente, o prelado invocou "misericórdia e paz" em toda a região da África Ocidental.
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