Burundi. Apelo dos Bispos: Eleições de 20 de maio se realizem em segurança e em paz
Cidade do Vaticano
Em vista deste delicado evento eleitoral, os Bispos do Burundi emitiram uma declaração na qual, mais uma vez, chamam os líderes políticos e todos os cidadãos à responsabilidade "por amor ao seu País", com a esperança de que a votação seja pacífica.
Os prelados reconhecem que, de maneira geral, a campanha eleitoral realizou-se até agora sem muitos problemas sob este aspecto. Eles lamentam, no entanto, a intolerância, os tons belicistas, as provocações e também graves episódios de violência que não faltaram nos últimos meses.Os bispos se mostram particularmente preocupados com a linguagem de alguns líderes políticos, que deixam entender que não estariam prontos a aceitar o veredicto das urnas se estas não estivessem a seu favor.
Respeito à vida, não à “banalização da morte”
Daí uma série de recomendações dirigidas, em primeiro lugar, aos protagonistas da campanha eleitoral em andamento: começando pelo respeito à vida humana que – se recorda na declaração - é "um dom de Deus" e é sagrada, contra aquilo que eles definem "a banalização da morte", que se estabeleceu no País. Em seguida, os bispos pedem o respeito pelas regras durante a competição eleitoral. A este propósito, eles se dirigem também à administração e forças de segurança e ordem, pedindo-lhes para que as façam respeitar de maneira imparcial. A mesma imparcialidade se pede igualmente aos jornalistas e, em particular, aos media públicos, que devem cobrir as eleições, dando voz a todos os candidatos.
Garantir a todos liberdade de expressão
A mensagem exorta em seguida aos candidatos para que não perturbem a campanha eleitoral com declarações falsas no intento de vencer as eleições a todo custo. Vem depois um convite à Comissão Eleitoral (Ceni) e às autoridades encarregadas de "permanecer vigilantes" nesta frente, para que seja garantida a todos a liberdade de expressão. A última recomendação, mas nem por isso a menos importante, dos bispos do Burundi, é de aceitar o resultado da votação: quem não estiver satisfeito - dizem os prelados – pode sempre recorrer à justiça segundo os termos estabelecidos por lei.
Manter esperança e vontade de realizar eleições em segurança e paz
E por fim, uma exortação a todos, candidatos, membros da Comissão Eleitoral, autoridades públicas e cidadãos, “para manter a esperança e a vontade de que estas eleições se realizem em segurança e em paz. (...) É ainda possível corrigir o que, até agora, não foi feito para organizar a votação da melhor maneira", conclui a mensagem.
Os dois principais concorrentes nas eleições presidenciais a serem realizadas no Burundi aos 20 de maio são: Évariste Ndayishimiye e Agathon Rwasa. O primeiro é uma das personalidades mais importantes do Cndd-Fdd, o partido actualmente no poder: Ministro do Interior e da Segurança Pública, chefe do estado maior do Exército e ainda do gabinete do Chefe de Estado, e partidário muito fiel ao presidente cessante Pierre Nkurunziza. O seu adversário, Agathon Rwasa, é um ex-líder rebelde e é candidato do Conselho Nacional para a Liberdade (CNL), o principal partido de oposição no Burundi.
Ao vencedor caberá a difícil tarefa de restaurar a paz e a harmonia social no País, perturbado primeiro pelas tensões étnicas e depois por uma profunda crise política, institucional e económica que forçou milhares de burundianos a fugir, depois de o Presidente Pierre Nkurunziza ter obtido em 2015 um terceiro mandato contestado, violando a Constituição e os Acordos de Paz de Arusha do ano 2000.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui