Moçambique. Plenária dos Bispos lança forte apelo à paz em Cabo Delgado
Cidade do Vaticano
No fim dos trabalhos, os prelados emitiram uma Mensagem dirigida em particular aos fiéis de Cabo Delgado que, durante três anos, têm sido vítima de ataques por parte das auto-denominadas milícias islâmicas de Países vizinhos ou rebeldes internos. São milhares os mortos por estes ataques, até agora, e mais de 200 mil os deslocados, lamentam os Bispos - uma situação dramática, também evocada na mensagem "Urbi et Orbi" do Papa Francisco no domingo de Páscoa.
Deplorando aquilo que está a acontecer os Bispos pedem, uma maior "sensibilidade e solidariedade" por parte de todos, pondo em relevo a grave crise humanitária que se está a viver na região. “Precisa-se de uma resposta urgente a esta tragédia – lê-se na Mensagem – É preciso intervir sobre as causas do conflito também através da promoção de projectos de desenvolvimento e da prestação de serviços essenciais, como os relacionados com a saúde e a educação".
Gratidão a famílias e cidadãos que acolhem vítimas
Ao mesmo tempo, a CEM exprime gratidão às muitas famílias e cidadãos comuns que abriram as suas casas para acolher as vítimas que fogem da violência: fazendo assim, demonstram – sublinham os prelados - o "grande coração" de Moçambique, que se exprime através da "solidariedade e proximidade”. "O Senhor converta o coração dos que causam o mal - conclui o documento - e inspire em todos o respeito pelo nome de Deus e a dignidade da pessoa”.
Covid-19 desencadeou uma verdadeira tempestade
Para além da Mensagem aos fiéis de Cabo Delgado, a Igreja Católica em Moçambique também emitiu uma nota sobre como "viver a fé em tempos de pandemia": o Coronavírus, de facto, também afectou o País, causando mais de 600 contagiados. O Covid-19, escrevem os Bispos, desencadeou uma verdadeira "tempestade" a nível pastoral, socioeconómico e do trabalho. As suas consequências, na verdade, foram "drásticas": aumento da pobreza, do desemprego e da criminalidade, perda da qualidade de vida, dificuldades de sustento para as famílias e para a Igreja, e a suspensão das celebrações com a participação de fiéis, que causou "sofrimento" em muitos. E tudo acompanhado por uma desinformação generalizada e por uma divulgação escassa das normas sanitárias para anti-contágio.
Centralidade da família “Igreja doméstica” e dos media para a evangelização
Como viver a fé, então, neste contexto? A CEM concentra-se na família, "Igreja doméstica" que neste período viu tantos momentos de oração em casa. Também importante o relançamento e a valorização dos mass-media como instrumento de evangelização, juntamente com o empenho de todos de ser cada vez mais uma "Igreja da visitação", ou seja, "misericordiosa, samaritana, próxima dos que sofrem e das pessoas afectadas" pela pandemia.
Não estigmatizar doentes do Covid-19
Dos prelados de Moçambique vem também o apelo a "não estigmatizar os doentes do Covid-19, mas mostrar solidariedade para com eles". É necessário – escrevem ainda os Bispos - mostrar uma atenção igual para com as pessoas mais pobres, cujas condições se agravaram ulteriormente com a crise sanitária. Por outro lado, a CEM reitera o seu empenho no sector social, levado a cabo por meio da Caritas, e a intenção de querer formar um grupo de trabalho que esteja "em contacto permanente com o Ministério da Saúde" para estabelecer modos e tempos para a retomada das celebrações litúrgicas públicas.
Adversidades estimulam o crescimento
Ao lançar, também, um apelo à "responsabilidade cívica", "à prudência e à cautela" de todos, os prelados sublinham que "as adversidades estimulam o crescimento": por isso, a pandemia pode ser uma oportunidade para "redescobrir a presença de Deus nos pobres e tomar consciência da solidariedade como instrumento para o desenvolvimento da sociedade". "A esperança cristã que nasce da fé é nossa companheira – escrevem os Bispos da CEM - Vamos mantê-la viva”.
Formação nos Seminários rumo à 4ª Assembleia Nacional da Pastoral
Por fim, durante a Plenária, os Bispos reflectiram também sobre a importância de reforçar a formação nos Seminários e estabeleceram o caminho de preparação para a quarta Assembléia Nacional da Pastoral, prevista para 2023, evento cujas raízes estão na herança deixada pela visita do Papa Francisco em Moçambique, em setembro de 2019.
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