Angola perde 2 grandes figuras da música popular: Waldemar Bastos e Carlos Burity
Anastácio Sasembele – Luanda, Angola
Angola “chora e canta” Waldemar Bastos e Carlos Burity, duas grandes e importantes figuras da cultura angolana, no que a música popular diz respeito. Dois dias depois da morte de Waldemar Bastos, por doença em Portugal, o país voltou a "acordar", esta quarta-feira (12/08), com a triste notícia do passamento físico de outra referência da música angolana, Carlos Burity.
O músico Carlos Burity morreu, em Luanda, aos 68 anos de idade, por doença, deixando um vasto repertório que integra, entre outras canções, "Carolina", "Onjala Yeya" e "Monami".
Carlos Fernandes Burity Gaspar iniciou-se na música em 1968. Gravou, em 1974, sucessos como "Ixi Iami" e "Recado". Natural de Luanda, onde nasceu em 1952, integrou, em 1968, a formação pop–rock Cinco mais um, é até ao momento considerado como um dos grandes do Semba, um género de música e de dança tradicional de Angola que se tornou muito popular nos anos 50 e perdura até aos dias de hoje.
Numa das suas intervenções Carlos Burity recordou que quando começou a cantar foi incentivado pelos amigos, inclusive um padre, a interpretar músicas de “grandes cantores”.
E o músico angolano Waldemar Bastos, falecido segunda-feira (11/08), vítima de doença, em Portugal, nasceu em M'Banza Kongo, capital da Província do Zaire, a 4 de janeiro de 1954.
Foi um dos mais notáveis músicos da Angola independentemente, ao lado de nomes sonantes, como Barcelo de Carvalho Bonga, Elias Dya Kimuezu, Alberto Teta Lando, Ruy Mingas, André Mingas, Filipe Mukenga, entre outras vozes clássicas.
Dono de uma voz inconfundível e composições de grande valor patriótico, trabalhou com vários artistas de renome no Mundo.
Em 2017, foi considerado Músico e Cantor Internacional do ano, no X Encontro de Escritores Moçambicanos na Diáspora, em Lisboa, ocasião em que foi elogiado por defender a democracia e os direitos humanos.
Numa das suas passagens pela Emissora Católica de Angola (Rádio Ecclesia) Waldemar Bastos agradeceu o carinho que sempre recebeu dos profissionais da emissora católica.
A semelhança de Carlos Burity, agentes culturais e fãs de Waldemar Bastos usam as redes sociais para ressaltar a qualidade do músico, destacando o seu contributo à cultura nacional.
Na sua página de Facebook, o Arcebispo de Saurimo e Vice-presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, D. José Manuel Imbamaba, lembrou o encontro que teve com o Waldemar Bastos: “Foi numa manhã de domingo, 21 de setembro de 2003, que o programa da LAC “Figuras e Sons” colocou-nos à mesma mesa: o músico Waldemar Bastos e eu... Era tanta a minha emoção que a declaração não se fez rogar: “sou teu fã”. Entre risos e abraços ele retorquiu: “ Eu também sou teu fã, P. Imbamba”... Trocamos presentes: ofereceu-me alguns discos e eu ofereci-lhe o meu livro”, escreveu D. Imbamba.
Num curto espaço de tempo Angola perdeu duas grandes estrelas da música, referência do mosaico cultural angolano.
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