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D. Luiz Fernando Lisboa, Bispo de Pemba (Moçambique) D. Luiz Fernando Lisboa, Bispo de Pemba (Moçambique) 

Moçambique. Bispo de Pemba: Papa Francisco traz as periferias para o centro

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (18), o Bispo de Pemba (Moçambique) D. Luiz Fernando Lisboa. Em entrevista ao Vatican News o prelado falou da proximidade do Papa à Igreja e população de Cabo Delgado, a braços há três anos com ataques armados que já causaram quase dois mil mortos e 600 mil deslocados internos.

P. Bernardo Suate – Vatican News, Cidade do Vaticano

Aos microfones da Rádio Vaticano, falou do encontro com o Santo Padre que durou perto de 40 minutos, um encontro em que mais uma uma vez o Papa mostrou a sua proximidade em relação à Diocese de Pemba e ao povo de Cabo Delgado.

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“Esta proximidade ele a tem manifestado desde há muitos meses, desde a Páscoa quando falou sobre a crise humanitária pela qual passamos, no passado dia 19 de agosto quando nos fez um telefonema de surpresa, nas duas últimas semanas o Papa fez um gesto bonito da sua caridade pastoral, doando 100 mil Euros em favor dos deslocados da Província de Cabo Delgado. E agora me recebeu aqui, no Vaticano, ele tem, portanto, mostrado uma proximidade e um amor muito grande pelo seu povo” – referiu D. Luiz.

Francisco traz as periferias para o centro, como fazia Jesus

O Papa – prosseguiu o Bispo de Pemba - sempre faz estes gestos à medida da necessidade do povo. Ele tem visto e acompanhado a situação de Cabo Delgado, dos deslocados que são já quase 600 mil, e tem sido muito sensível ao sofrimento do povo.

 È um Papa que se preocupa muito com a periferia e, na verdade, traz a periferia para o centro, como fazia Jesus, frisou. Ele tem visto o sofrimento do povo e tem demonstrado essa proximidade e amor grande pelo povo – tem sido o bom pastor de que falamos tanto e que devemos ser. Então, ele não só nos convida a nós Bispos, Padres, missionários e missionárias para sermos bons pastores, mas ele dá o exemplo.

Cabo Delgado já não comporta mais delocados

À pergunta sobre qual actualização Dom Luiz Lisboa fez ao Papa, o Bispo de Pemba respondeu dizendo que contou toda a situação pela qual estão a passar na província de Cabo Delgado, falou dos deslocados que estão presentes nos vários distritos e nas províncias vizinhas, pois agora – ressaltou D. Lisboa – Cabo Delgado quase já não pode comportar mais o número de deslocados: só na cidade de Pemba são 150 mil deslocados e nas outras cidades vizinhas também são aos milhares.

Solidariedade da Igreja, interna e internacionalmente

Ao Santo Padre D. Luiz Lisboa também falou da solidariedade da Igreja, em particular da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) e da Conferência dos Bispos da África do Sul (SACBC) que enviou uma delegação há duas semanas para uma visita aos campos de acomodação dos deslocados.

A CEM, referiu ainda o prelado, tem sido muito próxima e até escreveu uma carta de consolação e apoio ao povo de Cabo Delgado. Muito apoio tem vindo também de várias partes do mundo, como o Santuário de Fátima, em Portugal, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e de diferentes Caritas de várias partes do mundo (Espanha, Portugal, Itália, Brasil e Alemanha, entre outros), enfatizou D. Luiz que também falou da Campanha “Juntos por Cabo Delgado” lançada pela Igreja na Diocese de Pemba, e que teve uma grande repercussão, tanto a nível interno como internacional.

Uma Igreja samaritana, acolhedora

Grande ênfase para D. Luiz vai sempre para as populações de Cabo Delgado: as famílias, diz o prelado, têm dado o exemplo de uma Igreja samaritana, misericordiosa e acolhedora pois na sua pobreza têm sabido acolher em suas casa sas famílias dos deslocados.

Natal solidário, de cuidarmos uns dos outros

Como pensar e celebrar o Natal com esta situação dos deslocados, foi a pergunta que fizemos ao Bispo de Pemba. Para D. Luiz Fernando Lisboa, quer pela pandemia do Coronavirus e quer por este conflito que já causou milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados internos, o Natal terá de ser solidário, um Natal em que nos lembramos que o Menino Jesus continua a nascer entre os pobres, e continua a ser um refugiado e um deslocado. Deve ser, concluiu o bispo de Pemba, um Natal de cuidarmos uns dos outros, porque todos somos responsáveis uns pelos outros.

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19 dezembro 2020, 13:42