Nigéria. Bispos de Ibadan lançam forte apelo pela segurança no País
Cidade do Vaticano
Em primeiro lugar, os Bispos da Província Eclesiástica de Ibadan destacam "a falta de sinceridade, os interesses egoístas, a ausência de vontade política" com que as autoridades geriram repetidamente as actividades dos pastores Fulani que trouxeram conflitos, "destruição de vidas e bens, indescritíveis dores e dificuldades para cidadãos inocentes". Por isso, os Bispos reiteram que cabe ao Estado aplicar a lei e punir os que a violam, porque “nenhum nigeriano deve sentir-se acima da lei”.
Daí a esperança da Igreja de Ibadan para que se preveja uma “revisão do sistema de segurança nacional, aliás muito necessária”, face aos contínuos “surtos” de confrontos que explodem no território, a falta de “controlo efectivo” de “ atrocidades cometidas pelos jihadistas do Boko Haram por mais de uma década e os recentes protestos populares contra os abusos e a violência perpetrada pela Sars, as forças especiais da Polícia anti-sequestro.
Poder em benefíficio de poucos e à custa da segurança da Nação
A atitude ineficaz do governo, denunciam os Bispos, é um indício de um poder que se exerce em benefício de poucos e à custa da segurança de toda a Nação. “Nós, Bispos - continua a nota - nos unimos a todos os nigerianos de boa vontade para pedir às autoridades que permitam iniciativas alternativas e legais às actuais forças de segurança, de modo a proteger a vida e a propriedade de todos os cidadãos”. Estas iniciativas “merecem ser apoiadas e optimizadas como complementares”, escrevem ainda os prelados, em benefício de toda a população.
Fé do povo durante a pandemia e boa gestão do Governo
Outro ponto focal do documento episcopal é a pandemia da Covid-19: por um lado, os Bispos exprimem o seu apreço pela fé demonstrada pela população durante o bloqueio, uma fé expressa com a oração familiar e com as obras de caridade e misericórdia. Igual apreço os Bispos manifestam para com as numerosas organizações religiosas e civis, bem como as pessoas que cuidaram "dos pobres, dos doentes, dos idosos e dos vulneráveis". O próprio governo federal e estatal é elogiado por como geriu a pandemia, enquanto toda a população é convidada a não baixar a guarda porque a emergência sanitária continua a subsistir e "permanece mortal". “Exortamos as autoridades e os meios de comunicação de massa - escrevem ainda os Bispos - a apoiar a educação e a informação do público, a fornecer mais possibilidades para os testes rápidos e a não permitir que ninguém use a pandemia para ganhos ou interesses egoístas”. Quanto à vacina anti-Covid, a Igreja de Ibadan pede que os médicos nigerianos a avaliem de forma adequada, de forma a tranquilizar a população sobre a sua eficácia.
Deficiências do sistema de educação
E ainda: os prelados denunciam as deficiências do sistema nacional de educação, apesar de ser "o fundamento para uma boa cidadania". Pedindo "com urgência" uma mesa de discussão que faça "todo o possível para salvar o fracassado sistema educacional da Nigéria", os Bispos exortam com veemência as autoridades estatais a nunca subestimar a importância da formação e das estruturas que a ela se dedicam, procurando “uma rápida solução” onde existem problemas críticos e dificuldades de gestão. “Apelamos às organizações religiosas e públicas e aos cidadãos - continua o comunicado - a fortalecer e promover a emancipação e o emprego dos jovens”, oferecendo-lhes maiores oportunidades, tudo com o objetivo de promover “a difusão da cultura da honestidade e da verdade”, pois sem ela “não se pode progredir muito”. ”Se todos nos unirmos para abraçar a verdade onde quer que ela se encontre - escrevem os Bispos - salvaremos as nossas vidas e chegaremos muito mais rápido a ter um País melhor para todos ”.
Ano de São José e “Documento de Kampala”
Outro parágrafo do longo documento episcopal é dedicado, ao invés, ao Ano de São José, proclamado pelo Papa Francisco para comemorar os 150 anos da proclamação do Esposo da Virgem Maria como Padroeiro da Igreja universal. A decorrer até o próximo dia 8 de dezembro, o Ano especial - explicam os Bispos nigerianos – encoraja os fiéis a "destacar e promover as responsabilidades e virtudes da paternidade". Uma ulterior reflexão, pois, é reservada ao "Documento de Kampala", lançado em 21 de janeiro pelo SECAM (Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar), no fim do seu Jubileu pelo 50º aniversário da sua fundação, celebrado desde julho 2018 a julho de 2019. O documento, recordam os Bispos nigerianos, convida "o povo de Deus em África e Madagáscar a estudar a vida de Jesus nos Evangelhos, para segui-lo mais de perto, a fim de receber dele a plenitude da vida". Daí, o convite dirigido a todos os “sacerdotes, religiosos, seminaristas e fiéis leigos para que conheçam, estudem e ponham em prática este documento em função das exigências pastorais concretas”.
Para crescimento e consolidação da Igreja local
“Isto é necessário - explica a Igreja de Ibadan - para que os esforços de evangelização dos últimos 50 anos em África possam ser ulteriormente alimentados e os seus frutos possam contribuir para um maior crescimento e consolidação” da Igreja local. O longo comunicado episcopal termina com um convite à oração, "oxigénio que sustenta os homens de fé e se baseia na promessa de Deus de nunca abandonar o seu povo". “Pedimos aos nossos fiéis e a todos os nigerianos – escrevem finalmente os Bispos - que rezem incessantemente para que Deus continue a conceder a sua misericórdia ao nosso País, aos nossos líderes e ao nosso povo”.
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