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Deslocados de Palma em Niassa Deslocados de Palma em Niassa 

Quando é que deixarei de ser deslocado? – Jovem de Cabo Delgado

Quando é que poderei regressar a Cabo Delgado, onde tinha condições para viver e agora perdi tuto e nem família tenho? – São perguntas angustiantes de um jovem que, como outras centenas de pessoas de Cabo Delgado, se deslocou para a vizinha província do Niassa no norte de Moçambique, para fugir dos horrores terroristas. Um povo resiliente que suporta indizíveis sofrimentos e que espera poder voltar à sua terra de origem em condições de segurança – conta a Irmã Mónica da Rocha, da Congregação das Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, missionária em Lichinga.

Dulce Araújo – Cidade do Vaticano

Os ataques terroristas na província moçambicana de Cabo Delgado estão a ter impacto em várias partes do país, pois as populações deslocam-se para onde veem a possibilidade de salvar a própria vida.

Centenas de pessoas em Lichinga com falta de alimentação

Lichinga, capital da Província do Niassa, abriga centenas de deslocados em campos e no seio de famílias locais. Necessitam de tudo, especialmente de alimentação – explica a irmã Mónica da Rocha, da Congregação das Reparadoras de Nossa de Fátima, responsável pela Casa do Imaculado Coração de Maria, naquela cidade do norte de Moçambique.

Ataques em Palma tiveram mais eco fora do que localmente

Em entrevista à Rádio Vaticano, a irmã Mónica frisa que os recentes ataques em Palma tiveram mais eco fora do que junto das populações locais sujeitas, quotidianamente, a esses horrores. Embora sendo resilientes e esperançosas de voltar à normalidade, há muito medo e falta de liberdade de expressão que levam as pessoas a conformar-se e estar em silêncio. Contam as peripécias da fuga, os entes queridos que viram ser selecionados para morrer, os que ficaram pelo caminho (devido à idade ou a doença) e anseiam pela paz e a segurança para poderem retomar a sua vida normal.

Apelo a não esquecer esse povo que já sofreu tanto

A irmã Mónica deixa uma mensagem ao mundo a não esquecer esse povo que já sofreu tanto e que se interroga sobre a razão de tanto sofrimento. Para esta religiosa que procura assistir as pessoas que pode com cestas básicas, o que se está a passar em Cabo Delgado é semelhante a tantas zonas ricas do mundo, onde há grandes projetos de exploração das riquezas, mas a população sofre e vive na pobreza. Até agora esse povo tem sido esquecido não só pela comunidade internacional – afirma. Daí o seu apelo a não deixá-lo no abandono e a procurar soluções que, de momento, não se veem no horizonte. Há que rezar para que a paz e a segurança, motores de tudo, possam voltar, e ao mesmo tempo proporcionar a alimentação e os bens de primária necessidade para permitir a essas pessoas sobreviver.

Oiça as palavras da Irmã Mónica da Rocha

 

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02 abril 2021, 12:21