Uganda. Bispos lançam apelo pelo fim da violência e a promoção da paz no País
Cidade do Vaticano
O evento coincide com a memória litúrgica de São Carlos Lwanga e seus companheiros, os mais célebres entre os mártires católicos e anglicanos do País, vítimas das perseguições anticristãs perpetradas no final do século XIX. A Igreja os recorda no dia em que foram queimados vivos na colina de Namugongo, em 1886. “Há muita violência no País, incluindo assassinatos e torturas, conflitos para o açambarcamento de terras e a corrupção – afirmam Bispos. Para matar, se usam catanas, lanças e pistolas. Mas tudo isto deve acabar, porque não se pode rezar pela paz e já em seguida promover a brutalidade”.
Dirigindo, então, um pensamento ao mundo prisional, os prelados da Uganda lançam um apelo para a libertação dos presos políticos ou acusados injustamente, recordando que “não se pode falar de paz quando outras pessoas estão a sofrer”. Um outro pensamento da UEC vai à pandemia da Covid-19 que, na Uganda, até ao momento, já causou perto de 41 mil infecções e mais de 330 mortos: “Agradecemos a Deus esteve sempre próximo de nós durante todo este tempo difícil – prossegue a mensagem episcopal - e rezamos para que Ele continue a manter-nos seguros e, juntamente com os mártires da Uganda, nos ajude a superar esta emergência sanitária”.
Assinada pelo presidente da Conferência Episcopal da Uganda, Dom Joseph Anthony Zziwa, a declaração dos bispos foi lida pelo próprio prelado no fim da celebração eucarística que presidiu no Santuário de Namugongo, localizado na Arquidiocese de Kampala. Normalmente, nesta Missa participam todos os anos muitos peregrinos de todo o País; mas devido à pandemia, tanto em 2020 como em 2021, a participação dos fiéis foi limitada para evitar a propagação das infecções.
A homilia foi pronunciada por Dom Silverus Jjumba, Bispo de Masaka, o qual sublinhou que, embora a emergência sanitária tenha "desmembrado o Corpo de Cristo", os fiéis "não devem sentir-se perdidos" perante "a terrível situação actual". Daí o convite do prelado a aceitar a "vontade de Deus" e a ver nas circunstâncias de hoje "uma oportunidade para que todos possam interiorizar espiritualmente o exemplo dos Mártires da Uganda, a sua profunda fé e caridade e o seu amor para com Deus, até ao derramamento do sangue". Nestes tempos de pandemia, de facto, concluiu Dom Jjumba, «Deus convida-nos a nos distanciarmos da pompa e dos excessos com que se costumava celebrar o 3 de junho», para antes olharmos para o profundo sentido da «comemoração dos nossos mártires» .
Proclamados beatos por Bento XV em 1920, os Mártires da Uganda foram canonizados por Paulo VI em 18 de outubro de 1964, durante o Concílio Vaticano II. E foi também o Papa Montini que, durante a sua viagem ao Uganda em 1969, consagrou o altar-mor do Santuário de Namugongo, construído no local do martírio. A forma da igreja hoje existente evoca a tradicional cabana africana e assenta em 22 pilares que representam os 22 mártires católicos. Aos 28 de novembro de 2015, durante a sua décima primeira viagem apostólica que o levou ao Uganda, o Papa Francisco celebrou a Missa no mesmo Santuário, depois de ter visitado a vizinha igreja Anglicana, também ela dedicada aos mártires do País.
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