Nigéria. Segurança e democracia exigem o compromisso de todos, dizem os Bispos
Cidade do Vaticano
A zona central da Nigéria, de facto, está repleta de bandos de pastores nómadas da etnia Fulani, na sua maioria muçulmanos, que muitas vezes atacam pessoas e propriedades, confrontando-se com os agricultores locais, principalmente cristãos.
No dia 29 de julho, falando num seminário realizado em Makurdi, o Bispo local, Dom Wilfred Chikpa Anagbe, exortou todos os fiéis a se empenharem em favor desses desafios, observando que, especialmente diante da insegurança, "o silêncio não é de ouro" . “Falai abertamente das injustiças - disse o prelado - para que elas sejam corrigidas”. “Não se trata - acrescentou - de criticar um partido, mas de promover uma boa governação nacional”.
Igreja sempre em favor da justiça e da verdade
Recordando, pois, que “a Igreja está sempre em favor da justiça e da verdade”, Dom Anagbe destacou que lamentar-se do estado de insegurança do País não significa “odiar o Chefe de Estado Muhammadu Buhari, mas apenas lembrar-lhe as suas promessas eleitorais e o seu juramento de proteger os nigerianos”. Daí, o empenho do prelado a “denunciar todas as formas de injustiça” e o apelo ao Estado para que “intensifique os esforços para pôr um ponto final na persistente e insuportável insegurança no País”, pois ela “ameaça as actividades sociais, religiosas e económicas da população”.
Jovens sentem-se totalmente sem nenhum poder
Do mesmo modo também se exprimiu Dom Matthew Hassan Kukah, Bispo de Sokoto, que no dia 28 de julho falou num encontro sobre o tema "o Espaço cívico: um percurso rumo à coesão social e a integração na Nigéria". O evento foi organizado pelo Centro Kukah, um Centro para a Promoção da Paz e do Bem Comum, fundado pelo próprio prelado e com sede em Abuja. “A Nigéria está caminhando por vias perigosas - disse o Bispo de Sokoto - os jovens sentem-se totalmente sem poder algum. Estamos perante uma nação que está consumindo os seus próprios filhos; estamos perante um futuro incerto ”.
Recordando, portanto, que a maior parte das gerações mais jovens abandonou o País e não tem intenção de regressar porque não se sente protegida de forma alguma, o prelado exortou as autoridades a garantirem um maior “espaço cívico”, para que todos se possam exprimir e realizar o seu potencial.
Eleições uma oportunidade para reflectir sobre erros do passado
Daí o apelo a olhar para 2023, ano em que se realizarão as eleições gerais na Nigéria: “Trata-se de uma oportunidade para se interrogar e reflectir sobre os erros do passado, não devemos desanimar”, enfatizou Dom Kukah. “A democracia, de facto - acrescentou - é um trabalho contínuo em que todos se devem comprometer. É uma questão de realizar uma viagem longa para a qual devemos usar um bom calçado, adequado para longas distâncias ”.
Por fim, a esperança do Bispo de Sokoto é que a Nigéria seja governada por “homens íntegros e dignos, capazes de gerir um País diversificado e complexo”, cujos desafios “passam de geração em geração”. Mas sejam eles quais forem, concluiu o prelado, a herança que permanece deve ser sempre "uma luz de esperança".
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