“Omi Nobu” - Uma Declaração de Amor ao Cinema
Dulce Araújo - Vatican News
"Omi Nobu" (Homem Novo), o filme documentário do realizador caboverdiano, Carlos Yuri Ceunink, foi o vencedor do Galardão de Ouro para essa categoria na 28ª edição do FESPACO, realizado na capital do Burkina-Faso de 25 de fevereiro a 4 de março de 2023.
Produzido pela "Kori Kaxoro Films" gerida por Natasha Craveiro, ela também caboverdiana, o filme tem como personagem principal o Sr. Quirino, morador da remota aldeia de Ribeira Funda, na ilha de São Nicolau (Cabo Verde), onde viveu sozinho por cerca de 40 anos, depois de os outros habitantes, por várias razões, se terem mudado para Estância de Braz.
Rodeado de mar e montanhas, o Sr. Quirino teve, nesses anos, por companhia, apenas alguns animais domésticos e um radiozinho para acompanhar o mundo.
Desde que ouviu essa história, Yuri achou que dava um filme. Levou anos para reunir as condições para concretizar o sonho, mas acabou por oferecer ao mundo, um filme poético em que, ao lado da figura do Sr. Quirino, aborda vários aspetos da antropologia e cultura caboverdianas e não só.
E tanto o Yuri como a Natasha sempre sonharam estar no FESPACO (Festival Pan-africano de Cinema e Televisão de Ouagadougou), onde era simbolicamente importante que o filme fosse estreado. Assim aconteceu e dessa importantíssima plateia cinematográfica africana levaram, para Cabo Verde, mais do que esperavam: o Etalon de Yennenga de Ouro para Documentário longa metragem.
O júri definiu esse filme "uma declaração de amor ao cinema", o que deixou o Yuri extremamente satisfeito, pois, foi graças à entrega de corpo e alma de toda a equipa que foi possível realizar o filme.
Em entrevista à emissão semanal "África em Clave Cultural: Personagens e Eventos", a Natasha sublinha o amor e admiração que têm em relação ao Burkina-Faso e à sua cultura cinematográfica, visível também através de monumentos e ruas dedicados a cineastas da África, para não falar do FESPACO que já tem mais de 50 anos de vida e é assumido pelo Estado.
Já o Yuri, conta as vicissitudes da realização de "Omi Nobu", um filme "não linear", em que quis "tocar as cordas sensoriais" do espectador.
Por seu lado, o poeta, ensaísta e editor (Rosa de Porcelana Editora) Filinto Elísio, parceiro do programa "África em Clave Cultural: Personagens e Eventos" traça, na sua crónica, o percurso do realizador, a trama do filme e deixa entender que esta primeira e grande proeza de Cabo Verde no FESPACO é sinal de que "O Cinema Cabo-verdiano está vivo e ganha dinamismo".
Fotografia: cortesia de Natasha Craveiro
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