Jazz - Uma Linguagem Universal de Paz
Filinto Elísio - Para Vatican News
O Dia Internacional do Jazz, comemorado a 30 de abril, foi criado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), na sua 36.ª Sessão da Conferência Geral, no ano de 2011.
Liderado pela diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, e pelo lendário pianista e compositor Herbie Hancock, também embaixador da UNESCO para o Diálogo Intercultural e presidente do Instituto Herbie Hancock de Jazz, esta efeméride reúne comunidades, escolas, artistas, historiadores, académicos e entusiastas de jazz em todo o Mundo para celebrar e aprender sobre o jazz e suas raízes, futuro e impacto; sensibilizar para a necessidade de diálogo intercultural e de compreensão mútua; e reforçar a cooperação e comunicação internacionais.
O Jazz terá surgido entre 1890 e 1910, com origens na cidade crioula de Nova Orleães, no seio da comunidade afro-americana. A sua influência direta provém do Blues e de outras canções de trabalho dos negros, nas plantações no sul dos Estados Unidos da América.
Este género musical tornou-se popular nas primeiras décadas do século XX, primeiro nas cidades do Norte, como Nova Iorque e Chicago; depois nas cidades europeias como Paris, Londres, Berlim e Roma; e hoje, espalhado por todo o planeta, como uma música verdadeiramente do mundo.
Definição do Jazz
Não há uma definição precisa do Jazz, mas há unanimidade de que é estilo marcado pela improvisação, suingue e ritmos não lineares. Ao longo da sua trajetória, muitos nomes ficaram famosos, como Sidney Bechet, Duke Ellington, Louis Armstrong, Charlie Parker, Thelonius Monk, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Dinah Washington, John Coltrane, Stan Getz, Tom Jobin, Charles Mingus, Horace Silver, Dizzy Gillespie, Count Basie, Nina Simone, Miles Davis, Hugh Masakela, Chick Correa, Wayne Shortes e Ahmad Jamal, entre outros já falecidos.
Entre os vivos, alguns nomes pontificam na proa do Jazz, como Keith Jarret, Wynton Marsalis, Herbie Hanckoc, Airto Moreira, Flora Purim, Jan Garbarek, Stanley Jordan, Chucho Valdés, Egberto Gismonti, Arturo Sandoval, Joshua Redman, Paquito D’Rivera, Dee Dee Bridgewater, e Cécile Mclorin Salvant, para citar alguns.
Jazz é uma miríade no tempo e no espaço. A mais remota forma de jazz, o Swing, surgiu na década de 30 do século passado. Já nos anos 1940 e 1950, aparecem o Bebop e o Hard Bebop, que não agradaram muito o público. Nos anos de 1960, entram em cena o Cool Jazz e nos anos de 1970, o Free Jazz, cada variante trazendo novos elementos de composição atonais e arrítmicas, carregado de muita improvisação.
Em diálogo com outros ritmos, como, por exemplo, o Rock, o Funk e o Pop, mas também a Bossa Nova e a Rumba, o Jazz passou a fundir-se com os novos géneros, dando origem ao que foi nomeado de Fusion. Dessa forma, o estilo passou a incorporar elementos ecléticos e por vezes híbridos, que marcam o Jazz contemporâneo.
Miles Davies
O nosso o destaque e o recorte vão desta vez para Miles Davis, compositor e trompetista americano, nascido em 1926 e falecido em 1991, um dos músicos mais influentes do século XX. Davis esteve na vanguarda de quase toda a evolução do jazz, tendo sido expoente nos estilos do Bebop, do Cool Jazz e do Jazz Modal, para além de ter experimentado a combinação Rap-Jazz. Liderou várias bandas, especialmente dois famosos quintetos, desenvolveu o Jazz Fusion, e foi pioneiro, nos anos 70, do som precursor que viria a desembocar no Hip-Hop dos anos 90.
Ao longo de mais de 50 anos da sua carreira, Miles Davis utilizou o trompete num estilo melódico e introspetivo, tornando o seu som único e pessoal. Examinar a carreira de Miles é olhar para o jazz feito desde os anos 40 até ao início da década de 90, estando ele sempre na linha da frente das inovações relevantes e nos novos desenvolvimentos estéticos do Jazz.
Deixou um legado impressionante, fazendo-se rodear de nomes que posteriormente se tornaram célebres e criaram novos ramos na árvore crescente do Jazz, partindo da grande inspiração e alento. Miles Davis foi laureado com oito prémios grammy ao longo da sua vasta carreira.
Dia Internacional do Jazz 2023
Por ocasião da celebração do Dia Internacional do Jazz, a UNESCO, exorta todos a guiarem-se pelos valores e mensagens do Jazz como uma força unificadora e uma voz de esperança para tantas pessoas.
Neste mês de abril de 2023, as manifestações têm sido organizadas em todo o mundo – concertos, sessões de improvisação, projeções de filmes, conferências e mesas redondas sobre temas ligados ao jazz – para celebrar este género musical que é uma linguagem universal de paz.
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