Busca

Bispos da Província eclesiástica de Bukavu, na RDC Bispos da Província eclesiástica de Bukavu, na RDC 

Episcopado de Kivu, na RDC, alerta para os desafios da paz no País

Os Bispos da Província eclesiástica de Bukavu, no leste da República Democrática do Congo (RDC), sublinharam, numa mensagem publicada em 28 de maio, os desafios enfrentados pelas populações da sua região: a insegurança persistente, as dificuldades ligadas à organização das eleições gerais em dezembro, os problemas económicos e a solidariedade com as vítimas das inundações, entre outros.

Christian Kombe, SJ – Cidade do Vaticano e Jean-Baptiste Malenge – Kinshasa

A Assembleia Episcopal Provincial de Bukavu (ASSEPB), que reúne os Bispos das dioceses de Bukavu, Uvira, Kasongo, Kindu, Goma e Butembo-Beni, encerrou no últimodomingo, 28 de maio, uma sessão de uma semana durante a qual considerou as dificuldades enfrentadas pelo povo de Deus na parte oriental da República Democrática do Congo. Durante a Missa de Pentecostes, presidida pelo Arcebispo de Bukavu, Dom François-Xavier Maroy, na Catedral de Nossa Senhora da Paz de Bukavu, na Província de Kivu do Sul, a mensagem dos Bispos foi lida pelo secretário da Assembleia Episcopal Provincial, o Padre Jean-Marie Vianney Kitumaini.

Insegurança persistente na parte oriental do País

“Dirijo o meu olhar para os montes: de onde virá o meu socorro?” O primeiro versículo do Salmo 120 é o título da mensagem dirigida aos fiéis católicos e aos homens de boa vontade pelo Episcopado da província eclesiástica de Bukavu. Os Bispos observam no preâmbulo que as populações das suas seis dioceses foram atormentadas, por mais de três décadas, por guerras e violências de todos os tipos.

Antes de entrar no assunto, os Bispos evocaram algumas situações felizes que contrastam com o drama que o povo de Deus está a viver, em particular a ratificação do Acordo-quadro entre a Santa Sé e a República Democrática do Congo, o início do processo eleitoral, a visita do Santo Padre ao País, durante a qual Francisco recebeu na Nunciatura apostólica cerca de cinquenta sobreviventes das Dioceses da província eclesiástica de Bukavu.

No entanto, o Episcopado da região lamenta que a situação de segurança na parte oriental do País, fortemente militarizada, não tenha melhorado muito. Os Bispos expressam a sua preocupação com a insegurança persistente nas Dioceses de Butembo-Beni e Goma, na província de Kivu do Norte onde, apesar do estado de emergência em vigor desde maio de 2021 e suas múltiplas extensões, a insegurança continua a piorar, tendo como resultado os deslocamentos massivos da população e uma crise humanitária sem precedentes, marcada pela fome, doenças e mortes.

O Episcopado do Grande Kivu exorta o Presidente Félix Antoine Tshisekedi a “fazer todo o possível para libertar os territórios ocupados pelos rebeldes do M23 e resolver a questão dos exércitos estrangeiros, na sua qualidade de garante da unidade nacional e da integridade territorial”.

Preocupações com o processo eleitoral e a precariedade económica

Além disso, os prelados estão preocupados com as deficiências no processo de recenseamento eleitoral. Referem-se nomeadamente aos problemas relacionados com os equipamentos utilizados, a qualidade dos cartões de eleitor produzidos, a insuficiência e lentidão dos recenseadores, salientando ainda que o recenseamento dos eleitores não se realizou nos territórios de Rutshuru e parte do Masisi ocupados pelo movimento M23. A Assembleia Episcopal Provincial de Bukavu exorta as autoridades congolesas a assegurar “um processo eleitoral livre, inclusivo e transparente”, garantindo a livre expressão das várias opiniões políticas.

A miséria económica é outro desafio para as populações do Grande Kivu, apesar da imensa riqueza que abunda no País. Os Bispos denunciam em particular o estado deplorável das infra-estruturas rodoviárias que condenam as Províncias ao isolamento, insegurança e empobrecimento. Eles pedem aos responsáveis do governo que priorizem o interesse e o bem-estar do povo, como um serviço à nação.

Kalehe, uma tragedia que se podia evitar

O episcopado da província eclesiástica de Bukavu também agradeceu a rápida acção das autoridades governamentais, organizações humanitárias e pessoas de boa vontade para apoiar as vítimas das inundações e deslizamentos de terra no território de Kalehe, Kivu do Sul. No entanto, os Bispos destacam que “se os departamentos governamentais responsáveis ​​pela gestão das terras  e do ambiente tivessem feito o seu trabalho corretamente, vidas humanas certamente teriam sido poupadas e desastres semelhantes evitados”.

O Episcopado do Grande Kivu pede aos fiéis católicos que mantenham a esperança e rezem incessantemente para que “Deus, nosso Pai, converta os nossos corações e nos disponha a nos libertarmos desta situação para participarmos activa e plenamente na reconstrução do nosso belo e grande País”.

Os Bispos concluem a sua mensagem invocando a intercessão da Virgem Maria, Rainha da Paz e Padroeira da República Democrática do Congo, e convidando em particular a rezar para que o III Congresso Eucarístico Nacional, que será celebrado de 4 a 11 de junho em Lubumbashi, obtenha abundantes graças para a nação.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

01 junho 2023, 17:44