Na República Democrática do Congo Jesuítas querem formar um “exército de engenheiros”

Christian Kombe, SJ – Cidade do Vaticano

A República Democrática do Congo (RDC) é um enorme canteiro de obras que precisa de um exército de engenheiros, de pessoas formadas nas ciência e tecnologia - é a convicção do Padre Didier Cimalamungo. Numa entrevista concedida ao Vatican News, o responsável dos laboratórios e oficinas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da ULC – Icam explicou a visão e a missão da única universidade jesuíta do País no campo da ciência, da tecnologia, da engenharia e das matemáticas (CTEM ), que considera incontornáveis para a construção daquele País da África Central.

Combinar teoria e prática

Segundo o Padre Didier Cimalamungo, a formação ministrada na ULC-Icam assenta em duas vertentes, a teoria e a prática. Os estudantes têm assim a oportunidade de combinar os seus conhecimentos com experiências concretas no laboratório e nos workshops. A faculdade oferece três perfis de engenharia subdivididos em três departamentos: manutenção industrial, o curso aberto organizado em colaboração com o Instituto Católico de Artes e Ofícios da França (Icam) e o departamento de informática e redes. Ao nível do segundo ciclo, refere o Padre Cimalamungo, a ULC-Icam oferece “um ciclo de mestrado centrado na inovação tecnológica, nomeadamente nos domínios da transição energética e da transformação digital”. Programas, sublinha o sacerdote, que traduzem a ambição da universidade de “formar engenheiros com competência técnica e responsabilidade humana”.

O laboratório de fabricação (Fablab), um conceito inovador

Para o jesuíta, a ULC-Icam dá particular atenção à inovação nomeadamente através do funcionamento do seu laboratório de fabricação (Fablab). Este conceito inovador no cenário universitário congolês é baseado no uso de ferramentas e máquinas digitais avançadas. Os produtos fabricados neste Fablab distinguem-se “pela sua precisão, pela sua rapidez de produção e pela sua eficiência”. O chefe de laboratórios e oficinas expressa certo orgulho pelo fato de a Orange Foundation ter confiado à universidade a cogestão de seu Fablab Solidário.

O laboratório de fabricação que a ULC-Icam administra com a Fundação Orange na RDC vai além da simples formação dos estudantes, está aberto a todos, inclusive a jovens analfabetos que desejam aprender rapidamente as técnicas relacionadas às tecnologias digitais, explica o padre Didier Cimalamungo, insistindo no aspecto inclusivo desta iniciativa, que oferece uma oportunidade de formação a quem mais precisa.

Quanto aos projetos realizados pelos alunos no Fablab da Universidade de Loyola, indica o formador, abrangem um vasto leque de realizações. Dentro da universidade, “os projetos são maioritariamente académicos” e visam o fabrico de “peças raras que não existem no mercado”. Os próprios alunos cuidam do projeto e da produção dessas peças usando as máquinas e ferramentas do Fablab, especifica o sacerdote.

Formar os jovens nas Ciências, Tecnologia, Engenheria e Matemáticas (CTEM)

No entanto, a configuração e execução das FabLabs não são isentas de desafios. O Padre Didier Cimalamungo menciona em particular a necessidade de adquirir mais ferramentas e máquinas para atender às necessidades crescentes. Além disso, a busca de pessoal qualificado também é um grande desafio. E o jesuíta congolês insiste ainda na necessidade de o País reformar a educação para formar, desde cedo, alunos com as competências necessárias nos domínios da ciência, tecnologia, engenharia e matemáticas (CTEM).

Por seu lado, a universidade jesuíta esforça-se por desenvolver no seu ensino uma abordagem inovadora à formação em engenharia, destacando a capacidade dos formandos para contribuir para a resolução de problemas locais, africanos e globais. Além da Faculdade de Ciências e Tecnologia, a Universidade Loyola do Congo inclui uma Faculdade de Filosofia e uma outra dedicada às ciências agronómicas e veterinárias.