“Quenianos não se sentem ouvidos”, dizem Bispos ao governo no meio de protestos
Cidade do Vaticano
“Percebemos que parte da decepção e desilusão dos quenianos que está levando à grave agitação e raiva é a grave dificuldade económica. O alto custo de vida criou um fardo para indivíduos e famílias, tornando difícil para eles atender às suas necessidades básicas e manter padrões de vida decentes”, diz um comunicado de 19 de julho da Conferência dos Bispos Católicos do Quénia.
Os prelados estão preocupados que, entre lutas dos quenianos para obter bens e serviços essenciais, e para garantir um emprego estável e enfrentar dificuldades financeiras, eles se sintam ignorados e negligenciados pelo governo, ao mesmo tempo que os líderes do governo continuam a emitir mensagens contraditórias.
“Estamos particularmente chocados com as declarações inapropriadas, insultuosas e incitantes feitas pelos líderes. Isto está causando confusão na população sobre o rumo que o País está a tomar. Muitas coisas permanecem obscuras na política e direção do governo; por exemplo, a educação, a saúde, a situação dos pobres, as estratégias para melhorar o emprego”, enfatizaram os Bispos pedindo ao governo que ouça ativamente a situação dos quenianos, forneça explicações claras e honestas para as promessas não cumpridas e dê prioridade a políticas que aliviem os encargos socioeconómicos.
O comunicado divulgado na quarta-feira, 19, primeiro dia dos três dias de protestos convocados pela oposição, condena veementemente a brutalidade da polícia contra quenianos inocentes, durante as manifestações. Os Bispos alertaram a polícia contra o uso da situação para brutalizar os quenianos. Seis pessoas perderam a vida nos protestos de quarta-feira, enquanto a Amnisty International estima que 30 pessoas morreram durante os protestos desde o mês de março.
“Queremos enfatizar esta questão e expressar a nossa firme posição contra tais atos de violência e abuso de poder. A polícia tem a obrigação de lidar com criminosos disfarçados de manifestantes. A polícia não pode aproveitar a situação para brutalizar quenianos inocentes. Tais atos são inaceitáveis e não devem ser tolerados em nenhuma circunstância. A brutalidade da polícia mina os princípios fundamentais dos direitos humanos, da justiça e do estado de direito”, afirmaram os prelados.
Por meio de manifestações, a oposição também pretende peticionar ao governo sobre questões em disputa entre eles, tais como o envolvimento na reconstituição da Comissão Eleitoral e de Fronteiras Independente (IEBC, sigla em inglês) e a transparência das Eleições Gerais de agosto de 2022.
“Nós agora fazemos este apelo apaixonado ao Presidente William Ruto e a Sua Excelência Raila Odinga para que deem oportunidade ao diálogo. Pedimos que as negociações bipartidárias fracassadas sejam retomadas num contexto diferente que envolva os líderes religiosos e outras pessoas e instituições importantes da sociedade. Acreditamos que não existe problema, por mais difícil que seja, que não possa ser resolvido através do diálogo. Devemos a todo custo evitar a perda de vidas. Nenhum outro sangue deveria ser derramado”, lê-se no comunicado.
Os Bispos estão a recomendar a criação de uma convenção para a construção de consenso guiada pelos líderes religiosos e com a participação multissetorial para identificar os principais problemas que afetam o País e traçar um caminho para enfrentar os desafios – com agência CISA.
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