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A guerra na região de Darfur dura há vinte anos, causando mortes e refugiados A guerra na região de Darfur dura há vinte anos, causando mortes e refugiados  (AFP or licensors)

Sudão. 20 anos de guerra em Darfur, enquanto a atenção está na crise de Cartum

Em 2023 Darfur está oficialmente em conflito há 20 anos. As tensões entre as comunidades árabes e não árabes no oeste do Sudão têm aumentado por décadas, e em 2003 iniciou uma guerra que envolveu toda a região.

Cidade do Vaticano

Segundo alguns analistas, o conflito começou em fevereiro daquele ano em que rebeldes desconhecidos atacaram os prédios do governo numa aldeia nas montanhas Jebel Marra e se autoproclamaram Exército de Libertação do Sudão (SLA, sigla em inglês); outros afirmam que foi em abril de 2003, atingindo a capital el-Fasher, no norte de Darfur e aviões do governo.

Estes ataques desencadearam a resposta do governo de Cartum com uma violência em massa contra as comunidades não árabes de Darfur.

Agora que, desde 15 de abril de 2023, um novo conflito se desenrola nas ruas da capital do Sudão, Cartum, a violência se intensifica na inquieta região ocidental, e Darfur está envolvido num outro conflito, ou na extensão e escalada de um antigo conflito, como noticia a imprensa local.

Embora os combates se concentrem em Cartum, Darfur continua a registar o maior número de mortos no País, mais de mil e 11 mil feridos até 17 de junho, números considerados subestimados e que parecem não incluir totalmente Darfur. Não podendo confiar nos esforços internacionais para intermediar um cessar-fogo, os atores locais em toda a região decidiram resolver o problema por conta própria com os líderes tradicionais, ativistas revolucionários e rebeldes que procuram obter tréguas para conter uma situação de precariedade absoluta que afeta milhões de deslocados internos.

Fontes históricas remontam a 2004 quando, em apoio à população, as organizações humanitárias fizeram um enorme trabalho antes que 13 delas em 2009 fossem expulsas pelo então presidente do Sudão al-Bashir em resposta a um mandado de prisão do TPI emitido contra ele. Aquelas ONGs eram as mais importantes, e forneciam cerca de metade dos socorros ao Darfur. Elas nunca foram realmente substituídas e, para aquelas que permaneceram, o acesso humanitário continuou a diminuir.

Depois da queda de al-Bashir em 2019, as portas se reabriram com mais três milhões de deslocados internos (IDPs) para ajudar. Em outubro de 2022, foi inaugurado um novo centro de saúde, que oferece consultas e medicamentos gratuitos para cerca de 30 mil pacientes, 250 por dia.

Entre as patologias comuns, estão a má nutrição, as infecções urinárias devido à água suja, as doenças da pele devido à falta de água e as infecções respiratórias sazonais que os médicos locais atribuem às mudanças climáticas. O centro de saúde se chama Tukumare, que é também o nome da seção do campo onde está localizado, e de uma aldeia onde muitos dos deslocados viviam antes de ser arrasada em 2010.

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08 julho 2023, 08:24