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Dom Marcel Utembi, Arcebispo de Kinsagnani et Presidente da CENCO e Dom  Donatien Nshole, Secretário Geral. Dom Marcel Utembi, Arcebispo de Kinsagnani et Presidente da CENCO e Dom Donatien Nshole, Secretário Geral.  

RDC - Nota-se uma certa aversão ao sacramento do matrimónio

2023 foi um ano muito intenso para a Igreja na República Democrática do Congo - afirma Dom Marcel Utembi Tapa, Arcebispo de Kisangani e Presidente da CENCO (Conferência Episcopal Nacional do Congo) que sublinha alguns desafios, entre os quais uma certa aversão das pessoas ao matrimónio e o fenómeno de crianças abandonadas à sua sorte, também devido à pobreza e à guerra.

Vatican News

“Em 2023 celebramos, a nível do país, dois grandes eventos: a visita do Papa e o Congresso Eucarístico Nacional, e, a nível da Igreja universal o Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade", altura em que realizamos também a visita quinquenal Limina Apostolorum. Todos nós, Bispos da RDC, rezamos junto ao túmulo de Pedro e tivemos a oportunidade de encontrar os chefes dos Dicastérios da Santa Sé” - sublinha o Presidente do CENCO. Entrevistado pela Agência FIDES, ele afirmou que o Congresso reuniu representantes das 48 dioceses da Igreja ni país e foi uma oportunidade para viver momentos de intensa oração em torno do tema “Eucaristia, fonte, centro e ápice da vida cristã”.

Foi também criado um laboratório com a participação de teólogos e isso despertou o interesse de muitos participantes. No final desses trabalhos científicos, produzimos - diz - um documento sobre teologia, espiritualidade e ação da Eucaristia e da família. Os Bispos concluíram o Congresso Eucarístico Nacional com uma Carta Pastoral aos fiéis em que os convidam a não considerar o Congresso como uma coisa do passado, mas como o início de um caminho de santificação.

A Assembleia sobre o processo da sinodalidade que, a nível da África, teve lugar na Etiópia de 2 a 6 de março, reiterou que “a Igreja Católica em África cresceu como família de Deus”.

Família Igreja Doméstica

Na citada entrevista, Dom Marcel Utembi Tapa sublinhou que a família, que é uma verdadeira Igreja doméstica, deve viver plenamente esta vocação. Os pais têm um papel essencial a desempenhar: iniciar os filhos na oração e nos sacramentos; educar para dar o devido lugar à Palavra de Deus que alimenta a nossa fé e que prepara o nosso coração para receber a Eucaristia.

Infelizmente, continuou, a família atravessa um momento de turbulência e de crise: divórcios, uma certa aversão ao sacramento do matrimónio, separação dos pais que faz com que os filhos sejam abandonados à triste sorte de meninos de rua.

Por outro lado, o mundo da Internet põe perante as crianças valores e referências que questionam a autoridade parental. Compreendemos, portanto, que precisávamos de organizar este encontro litúrgico, espiritual, pastoral e científico ao mesmo tempo para reestruturar as coisas, para voltar ao bom senso, recomeçando a partir de Cristo para revalorizar a família.

Crianças de rua

Solicitado a falar da triste realidade das crianças de rua no país, o Presidente da CENCO disse que são vítimas de uma “rutura familiar”, pois há pais que podem ser considerados “irresponsáveis” e que abandonam os filhos, fenómeno que se verifica não ramo nos centros urbanos. A par disso, há também a pobreza generalizada, pais que não têm meios de subsistência nem para os filhos nem para si próprios. Depois há as guerras que devastam o país, especialmente na parte oriental, desestabilizando o tecido familiar das populações locais. Devido a estes conflitos, muitas crianças perderam ambos os pais, não têm ninguém que as ajude e de repente encontram-se nas ruas. Finalmente, existe a superstição, especialmente em relação a crianças e jovens que têm problemas comportamentais ou psiquiátricos. Incapazes de compreender esses problemas, os pais atribuem-nos à bruxaria, e essas crianças são definidas como “filhos bruxos”. O destino deles é serem expulsos de suas casas. Este fenómeno é um enorme desafio para a Igreja família de Deus na RDC. Como pastores - afirma o Arcebispo de Kisangani, não podemos permanecer indiferentes e insensíveis ao sofrimento destas crianças. Muitas vezes organizamos catequeses para denunciar esta forma de fazer as coisas, dizendo aos pais que eles são responsáveis ​​pelos seus filhos.

Iniciativa de auxília às crianças abandonadas

Existem iniciativas de dioceses e paróquias individuais para recuperar crianças abandonadas - afirma Dom Utembi Tapa respondendo à pergunta o que faz a Igreja para essas crianças. E acrescenta que as congregações religiosas estão muito envolvidas neste tipo de pastoral e apostolado, criando centros de recuperação de crianças abandonadas. Também há orfanatos em diversas dioceses, como por exemplo na de Kisangani, onde há uma obra animada e gerida pelos sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), que foram os evangelizadores da região e que proporcionam no centro Bakhita formação e educação para ajudar crianças abandonadas a integrar-se na sociedade; o centro San Lorenzo acolhe crianças e adolescentes e há também um centro para os mais pequenos.

Existem também - afirma o arcebispo - algumas congregações religiosas femininas que cuidam de crianças e jovens abandonados, como as Ursulinas que dirigem um orfanato que acolhe crianças abandonadas pelos pais. Obviamente há experiências semelhantes também em muitas outras dioceses congolesas - congolesas conclui. 

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25 novembro 2023, 16:11