Guiné-Bissau - Gás lacrimogénio contra manifestantes
Casimiro Jorge Cajucam - Rádio Sol Mansi, Bissau
Apesar da forte repressão policial algumas centenas de pessoas saíram às ruas de Bissau em resposta à convocação feita pela plataforma Aliança Inclusiva Terra Ranka contra a dissolução do Parlamento e a formação de um Governo de iniciativa presidencial.
De manhã muito cedo, as forças de segurança invadiram as várias arteiras da capital, Bissau para impedir as manifestações e aglomeração de pessoas. No entanto, há relatos de alguns espancamentos e prisões de manifestantes. As pessoas ouvidas pela nossa reportagem, exigem respeito à democracia.
“Que deixem as pessoas se manifestarem publicamente, se estamos na democracia então que nos deixem. “Votamos e escolhemos o nosso Governo. Estamos aqui para exigir o nosso voto”. “Nós, o povo, estamos cansados, estou indignada”, lamenta a cidadã guineense.
Outro relato aponta que o gás lacrimogêneo lançado, num dos bairros da capital Bissau, para dispersar manifestantes atingiu uma residência onde estavam três crianças recém-nascidas e duas idosas.
“Estamos aqui em casa com crianças de duas semanas de vida e algumas com dois e três meses de vida e todas foram atingidas com gás lacrimogéneo. Isso não deve acontecer e os policiais devem saber que existem crianças nos bairros e devem ter respeito para com as crianças”, disse uma mulher guineense com olhos avermelhados e claramente atingida pelo gás lacrimogéneo.
Entretanto, a Liga Guineense dos Direitos Humanos reage com tristeza à forma como as forças de segurança impediram a realização da manifestação com o recurso a granada de gás lacrimogénio. O Coordenador da Casa dos Direitos, Gueri Gomes Lopes, que falava em nome da liga, lamenta a atitude das forças de segurança.
“Acompanhamos a posição do Governo da Guiné-Bissau de impedir a manifestação, um comportamento que lamentamos muito, pois trata-se de impedir o exercício de um dos direitos fundamentais que é a liberdade de manifestação. Mas, infelizmente, tem sido comportamento do Estado da Guiné-Bissau nos últimos tempos de violar grosseiramente os direitos fundamentais”, rematou.
O Coordenador da Casa dos Direitos alerta ainda o Governo que “quando o Estado usa a violência, incentiva o cidadão a fazer o mesmo".
“Se continuar com essa situação de violar e de impedir a manifestação, incentiva os cidadãos a recorrer a outros recursos. E quando o Estado usa a violência, incentiva o cidadão a ser violento”, alerta.
A manifestação convocada pela Coligação PAI- Terra Ranka, vencedora das eleições legislativas de junho com maioria absoluta, visava demostrar a indignação contra o derrube da Assembleia Nacional Popular e, consequentemente, a formação do Governo da iniciativa presidencial.
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