Irmã Rosa – O estágio na Rádio Vaticano foi um presente de Deus
Dulce Araújo – Vatican News
Membro da Congregação das Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas, a irmã Rosa Martins já tem um significativo percurso na vida religiosa, em que a sua paixão pela comunicação tem sido transversal a outras atividades, tais como a educação, a pastoral-afro, a assessoria em Conferências de Religiosos no Brasil. Aliás, atualmente, é Assessora Executiva dos Religiosos do Brasil na Regional de São Paulo. Foi dali que veio para a experiência na Rádio Vaticano (Seção Brasileira) no âmbito do projeto “Pentecostes”. No final, a Seção Portuguesa para a África quis saber quais foram os momentos fortes dessa sua experiência.
Um crescimento humano
Ela afirma ter vindo aberta espiritualmente para esta dádiva de Deus e tudo resultou num grande crescimento humano. Regressa ao Brasil mais rica do ponto de vista jornalístico e do magistério petrino. As relações humanas no ambiente internacional e inter-cultural do Dicastério para a Comunicação, mas também a oportunidade de conhecer a Roma cristã e o Vaticano, foram fantásticas para ela.
Uma escola de exercício do meu carisma
Relacionando o carisma scalabriniano com a comunicação, a irmã Rosa Martins fez, quando estudou jornalismo, uma tese relacionada com a temática de crianças migrantes e refugiadas, assunto sempre presente nas emissões da Rádio Vaticano, tendo o seu estágio constituido uma escola de exercío do seu carisma. E ela emociona-se ao falar disso e do desejo de poder levar mais longe a voz, a dor, a luta pela sobrevivência, a esperança dos migrantes e refugiados.
O cafezinho e a Capela
De entre os momentos fortes da sua estada no Dicastério para a Comunicação, a irmã Rosa sublinha a importância do cafezinho com os colegas da Seção Brasileira e os momentos quotidianos na Capela da Anunciação, onde podia ir rezar e confiar a Deus o seu estágio.
Cuidar do aspeto humano e do ambiente de trabalho
Desafiada a falar do que melhoraria se fosse responsável do Dicastério para a Comunicação e particularmente da Rádio Vaticano, a irmã confia que procuraria humanizar ulteriormente o trabalho, a identidade visual de cada setor linguístico-cultural, favoreceria momentos de convívio e embelezaria mais o ambiente de trabalho.
Projeto “Pentecostes” – dar testemunho da comunhão
Já a concluir a entrevista, a irmã Rosa foi solicitada a dar a sua opinião sobre a razão de ser do projeto “Pentecostes”, que pretende valorizar e dar visibilidade às religiosas. Ela parabenteou o Dicastério pela iniciativa e citou o Prefeito, Paolo Ruffini, que justificou a prioridade dada às mulheres pela sua mais-valia em termos de comunhão. Uma chamada à responsabilidade de dar testemunho disto - remata a irmã.
Falar do racismo, primeiro passo para o combater
Realizada no âmbito da rubrica “Década dos Afrodescendentes”, a entrevista com a irmã Rosa foi também ocasião para falar do eco que esta Década, proclamada pela ONU e que termina este ano, tem tido na sociedade e na Igreja no Brasil, país onde o racismo estrutural está, infelizmente, ainda na ordem do dia. A religiosa sublinha os esforços positivos que tem havido no combate a este mal nomeadamente através da pastoral-afro e do grupo ecuménico de São Paulo, assim como também do Movimento Negro. Mas, é preciso fazer muito mais, reconhece. E refere-se a obras de Frantz Fanon, referência para ela na luta contra o racismo, fenómeno de que é preciso, a seu ver, antes de mais, falar para poder ser desenraizado. Os negros devem afirmar, sem pejo, a sua existência e identidade – afirma, orgulhosa da sua identidade afro-brasileira, com o amplo e alvo sorriso que ressalta na sua tez negra e na sua discreta elegância.
Oiça aqui a entrevista:
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