Leão Lopes - Um imprescindível da cultura cabo-verdiana
Dulce Araújo – Vatican News
Leão Lopes é formado em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, o que lhe valeu a definição de artista quando regressou para Cabo Verde, mas queria mais – revela - era ser professor, o que, aliás, faz no M_EIA, Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura, por ele fundado em 2004 e de que é Reitor, e através do AtelierMar, ONG que tem também a sua paternidade e orientação. Mas, pelas suas décadas de atuação no processo de desenvolvimento de Cabo Verde, encarado sempre em espírito coletivo e de valorização dos recursos humanos e materiais endógenos, ficam diversas outras ramificações da arte, desde o cinema, à escrita, à pintura e mesmo ao ativismo social e à política, como dá conta o editor, Filinto Elísio, na sua crónica.
Cabo Verde, a sua cultura, os seus recursos
Da sua vocação especial para o ensino, dá testemunho o Professor e antigo Reitor da Universidade pública de Cabo Verde, Paulino Fortes, que evoca uma inesquecível aula dele e a cooperação que encetaram no sentido de oferecer o melhor aos estudantes das Universidades (Jean-Piaget, M_EIA e mais tarde a Uni-CV) a que estavam ligados. E o melhor, explica, é ensinar a valorizar Cabo Verde, a sua cultura, os seus recursos. Aliás, não podemos esquecer que as peculiaridades arquiteturais, nascidas dessa valorização, já proporcionaram a Leão Lopes importantes reconhecimentos como o Prémio Holcim para a Construção sustentável, em 2021.
Um orgulho para Cabo Verde
É desse “cabo-verdiano pleno”, como define Leão Lopes, capaz de “escutar e sentir, sonhar e realizar Cabo Verde” com base na sua identidade própria, que o Professor Paulino Fortes se orgulha de ser amigo. Leão Lopes, tal como o saudoso literato e jurista Baltasar Lopes, uma das suas grandes referências, e outros, que põem “o coração na batalha” para garantir aos cabo-verdianos harmonia, uma vida digna e a felicidade são um orgulho para o país, remata o antigo Reitor da Uni-CV.
Afastamento formal da política cultural
Leão Lopes que se encontrava, quando falamos com ele, em Santo Antão, para onde tinha ido para a preparação dumas bebidas novas a partir da calda fresca de cana de açúcar, exemplo da forma como vive a arte, explicou-nos também porque se afastou formalmente das actuais políticas culturais de Cabo Verde. É que, a seu ver, é uma política de festivais e de eventos e não assente na produção cultural, na educação artística e no suporte a artistas a fim de despoletar um verdadeiro elã cultural que leve o país a um maior desenvolvimento com base na identidade antropológica do seu povo.
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