“Reconciliação, importante pilar para a manutenção da paz em Moçambique”: Raúl Domingos
Bernardo Suate – Cidade do Vaticano
Para o diplomata moçambicano Raúl Domingos, o povo de Cabo Delgado (norte de Moçambique), vítima de ataques terroristas desde outubro de 2017, merece a paz, merece uma vida estável, e tudo o que pode ser feito para minimizar os efeitos do terrorismo na sociedade moçambicana, que não se poupem esforços para fazê-lo. A Igreja deveria, pois, continuar a rezar pela paz em Moçambique, e deveria continuar a contribuir com suas mensagens pacificadoras.
Na longa entrevista concedida à Rádio Vaticano, o Embaixador Raúl Domingos começou por falar do seu primeiro encontro com o Papa Francisco, “uma pessoa muito humana, muito acolhedora, uma pessoa que encontramos pela primeira vez, mas com quem nos sentimos como se nos conhecêssemos há bastante tempo”, sublinhou o diplomata moçambicano.
Povo moçambicano reza pelo Papa Francisco
Dentre os vários temas abordados, o Embaixador de Moçambique junto da Santa Sé ressaltou que o Papa ainda tinha memória fresca da calorosa recepção do povo moçambicano aquando da viagem apostólica em 2019, que estava preocupado com a situação de Cabo Delgado, ao que o Embaixador respondeu que o povo moçambicano reza pela saúde do Santo Padre. E colheu a ocasião para pedir ao Papa Francisco que reze por Moçambique, e que abençoe o nosso País.
Raúl Domingos falou em seguida das relações entre a Igreja e o Estado Moçambicano, hoje, reiterando que, após um momento de conflito no imediato pós-independência, as relações melhoraram bastante, sobretudo depois da consagração da Constituição que promovia a liberdade religiosa e, a partir de 1995, quando foram estabelecidas relações diplomáticas com o Estado da Santa Sé. “E, agora, com a decisão do Presidente Filipe Nyusi de estabelecer uma Embaixada com residência no Vaticano, há um canal que podemos dizer aberto, vinte e quatro horas, para a comunicação entre o Vaticano e Moçambique”, sublinhou.
“Boas ideias não têm cores partidárias"
Raúl Domingos enfatizou igualmente que a nomeação de um membro da Oposição a Embaixador de Moçambique não o surpreendeu, pois o Presidente havia dito no discurso de tomada de posse para o primeiro mandato, que “as boas ideias não têm cores partidárias, e que ele se propunha a constituir um governo de inclusão”.
Esta decisão do Presidente Nyusi criou uma grande expetativa nos Moçambicanos, observou o Embaixador, “porque a inclusão faz parte dum projeto importante que é a reconciliação e, para nós que saímos duma guerra e que queremos manter a paz, a reconciliação acaba por ser um daqueles pilares importantes para a manutenção da paz, e a inclusão faz parte deste pilar que é a reconciliação”.
E o Embaixador confidenciou ter aceite o convite com alegria, propondo-se desenvolver as atividades aprovadas para esta missão, “com todo o empenho, com todas as energias para que Moçambique possa usufruir deste canal importante de relação com o Estado da Santa Sé”.
Diálogo para a resolução das diferenças
Raúl Manuel Domingos que, entre muitas outras funções, também foi fundador do partido Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD) considera, enfim, que já se vive uma paz verdadeira no País, devido a uma certa política de diálogo para a resolução das diferenças: “há um entendimento de depor as armas e este processo, por parte da Renamo (partido na Oposição), foi cumprido com sucesso”, reitera o Embaixador, “sem esquecer que existem outros processos que se vão seguir de reintegração económica e social dos militares desmobilizados”. De facto, “a aceitação como irmãos outrora desavindos é um processo, mas um processo que está bem conduzido”, reitera o diplomata.
A expetativa, para Raúl Domingos, é que possamos em breve levantar a bandeira da paz e dizer que Moçambique pode ser um exemplo de resolução pacífica de conflitos através do diálogo. E, para o diplomata moçambicano, esta “lição ao mundo” já está sendo dada através da nossa participação no Conselho de Segurança das Nações Unidas como membro não permanente. “Esperamos continuar a fazê-lo mesmo depois de cumprir o nosso mandato no Conselho de Segurança das Nações Unidas, como um País exemplo, concluiu o Embaixador Raul, ressaltando os esforços do País em promover a paz e a reconciliação nacional.
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