Guiné-Bissau. Líderes Religiosos adotam declaração de apelo à paz e tolerância
Casimiro Jorge Cajucam – Rádio Sol Mansi, Bissau
A iniciativa surge na sequência dos diversos casos de ataques contra os espaços de culto tradicional e de uma igreja evangélica, associadas à proliferação de discursos de ódios e de intolerância religiosa que vinham sendo disseminados por diferentes atores nacionais.
O documento assinado por representantes das comunidades Católica, Muçulmana, Evangélica e Religião Tradicional, repudia todos os atos de intolerância religiosa registados no País e apela à cessação imediata dos mesmos.
A declaração conjunta para além de exortar as autoridades judiciárias no sentido de investigar e trazer à justiça os responsáveis dos atos de intolerância religiosa que tendem pôr em causa a paz e a coesão nacional, esta declaração pede aos guineenses para se absterem de proferir, divulgar e disseminar discursos sectários e radicais, capazes de incentivar o ódio e a intolerância no País. O documento foi lido pelo Padre Augusto Mutna Tambá.
“Reconhecendo os riscos que estes fenómenos representam para a paz, estabilidade e o desenvolvimento, nós líderes religiosos adotamos a presente declaração de apelo a paz”, lê-se na declaração apresentada pelo Padre Augusto Mutna Tambá.
Recentemente, registou-se na capital Bissau uma campanha sem rosto de atear fogo nos lugares sagrados das religiões tradicionais, o que em resposta conduziu à violação seguida de incêndio a uma igreja evangélica em Mindará, um dos bairros situado no centro de Bissau.
No ano passado uma igreja católica em Gabu foi vandalizada e igualmente uma mesquita. Na declaração conjunta, segundo Padre Augusto Mutna Tambá, um outro atque a uma igreja católica ocorreu em outubro último onde a paróquia Beata Anuarite em cuntum Madina em Bissau foi alvo de assalto e profanação.
Os líderes religiosos instaram ao povo guineense a empenhar-se no respeito pelos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e da liberdade religiosa.
“Instamos o povo guineense a empenhar-se na preservação da paz e da unidade nacional bem como no respeito pelos direitos e liberdades fundamentais”, concluiu, Mutna Tambá.
Este evento insere-se no âmbito da implementação da Agenda Comum para a Paz dos líderes religiosos, adoptada em 2022, no quadro do projeto Observatório da Paz – Nô Cudji Paz, uma iniciativa implementada pelo Instituto de Marquês Valle Flôr e pela Liga Guineense dos Direitos Humanos, financiada pela União Europeia e Cofinanciada pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua.
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