Sudão do Sul. Igreja apela à assistência humanitária a pessoas já "à beira da miséria”
Cidade do Vaticano
Numa declaração datada de 8 de março e citada pela agência CISA, Dom Kussala, na sua qualidade de presidente da Comissão de Desenvolvimento Humano Integral da Conferência dos Bispos Católicos do Sudão e do Sudão do Sul (SSSCBC, sigla em inglês), apela à assistência humanitária da comunidade internacional, das pessoas de boa vontade e das redes da Caritas para mitigar o sofrimento do povo do Sudão do Sul, que diz estar à beira da miséria.
O prelado detalha que o povo está a sofrer com emergências e desafios complexos, incluindo fome, inundações, seca e insegurança crescente em algumas partes do País, o que é agravado por uma economia frágil que está perto do colapso. "O nosso povo continua a sofrer os efeitos de emergências complexas que ainda se fazem sentir em muitas partes do País, incluindo as partes que anteriormente eram pacíficas. Como resultado, o número de deslocados internos a viver em condições deploráveis e passando fome aumentou tremendamente em todo o País, sendo os mais afectados as mulheres, as crianças, os idosos e as pessoas com deficiência", sublinha o Bispo Kussala.
Dom Kussala afirma ainda que a terrível situação no País obrigou muitas pessoas a abandonar as suas fontes de subsistência para "salvar as suas vidas", uma realidade que levou a um aumento do número de crianças que não frequentam a escola e que se viram para a rua para sobreviver.
"Aqueles que ainda vivem nas suas casas estão igualmente a enfrentar a fome, uma vez que a maioria deles teve de, ironicamente, abandonar as suas fontes de subsistência numa tentativa de salvar as suas vidas. A maior parte das crianças que frequentam a escola tiveram de a abandonar devido à insegurança e ao medo de serem recrutadas à força para servirem como soldados nos conflitos", observa o prelado.
Dom Eduardo Hiiboro Kussala adianta que a intenção do apelo vai para além do estado lastimável do Sudão do Sul e dos fracassos do governo e da sua liderança e, por isso, é um apelo a uma resposta urgente à humanidade.
"Já não se trata do País e da sua liderança, mas do povo do Sudão do Sul que está a perecer lentamente. Se não formos protegidos destas calamidades, receamos que o nosso povo não sobreviva, especialmente porque a maioria da população (64%) é constituída por jovens indefesos que não têm qualquer fonte de rendimento, enquanto os restantes 36% são pessoas idosas. A situação é terrível e, por conseguinte, necessita de uma intervenção urgente", apela.
"Exorto cada um de vós a aproveitar esta oportunidade para promover a realização das vossas visões e missões, que estabelecem o mandato das organizações para mitigar o sofrimento humano no mundo. Pensemos na mãe sul-sudanesa que vê o seu filho morrer por causa da subnutrição causada pela fome severa, no jovem que morre no hospital porque não há medicamentos para o tratar, na rapariga de 9 anos que, por um pedaço de 'bambe' (batata), é forçada a vender o seu corpo, e na idosa emaciada que está deitada dentro da sua casa de rama, mas esperando que a morte lhe tire o sofrimento", sublinha o prelado – com a agência CISA News África.
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