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Bispos da Província eclesiástica de Bukavu (RDC) Bispos da Província eclesiástica de Bukavu (RDC) 

RD Congo. Bispos: "Insegurança endémica, fruto de um Estado fraco e ineficaz”

“A insegurança tornou-se endémica", afirmam os Bispos da província eclesiástica de Bukavu (constituída pelas dioceses de Bukavu, Butembo-Beni, Goma, Kasongo, Kindu e Uvira), no final da sua assembleia realizada de 8 a 14 de abril em Butembo (Kivu do Norte).

Cidade do Vaticano

"A insegurança tornou-se endémica, com o seu cortejo de assassinatos mesmo em plena luz do dia, o cerco da cidade de Goma pelo movimento M23, apoiado pelo Ruanda, e a paralisia da economia através de uma estratégia de isolamento e de asfixia dos grandes e pequenos centros", afirmam os Prelados, que apontam também o abandono do exército congolês dos seus postos e da sua logística aos rebeldes.

Violência cometida também pelas Forças Armadas

Em Goma, capital do Kivu Norte, a situação de segurança está a deteriorar-se não só devido à pressão externa dos milicianos do M23, mas também devido à violência cometida por aqueles que deveriam defender os civis. Nas últimas semanas, as Forças Armadas da RDC (FARDC) têm sido regularmente acusadas de assassínio ou roubo. A polícia prendeu três soldados e dois milicianos "wazalendo" ("patriotas", em swahili), aliados do exército regular, pelo assassínio de três pessoas durante um assalto de rua cometido a 10 de abril.

Paróquias encerradas por insegurança

Os Bispos deploram também "na região de Beni, o encerramento parcial ou total de algumas paróquias na sequência da insegurança provocada pelos islamistas das ADF. "Deploramos também o aparecimento do contrabando por parte de ladrões de cacau, numa altura em que o preço do ouro branco está a subir na Bolsa de Londres", denunciam os Bispos congoleses.

Governados abandonados ao seu triste destino

"Tudo isto acontece porque o Estado congolês está morto e nós, os governados, estamos abandonados ao nosso triste destino, e não vemos qualquer sinal de que os líderes de hoje estejam a pensar no bem-estar dos governados num futuro próximo", afirmam os Bispos. "Apesar da realização de eleições, o Estado congolês continua fraco e ineficaz. Há razões para nos interrogarmos se este comportamento não estará a contribuir para o plano de balcanização, para o desmembramento da República Democrática do Congo, quando o povo já disse categoricamente que é contra isso” – afirmam, preocupados, os Bispos.

País não é propriedade privada de quem está no poder

"Para fazer face a estes desafios, os Bispos pedem ao Chefe de Estado que crie rapidamente um governo composto por pessoas competentes e honestas. Cabe a quem está no poder deixar de gerir o País como uma propriedade privada e deixar de considerar a resiliência do nosso povo como uma fraqueza, mas como uma recusa de sofrer uma morte injusta e planeada."

Quanto à comunidade internacional, os Prelados católicos denunciam a sua política de "dois pesos e duas medidas" no tratamento das questões políticas congolesas. Apelam à comunidade internacional para que "compreenda de uma vez por todas que a RDC não está à venda nem está num estado de exploração anárquica" - com a agência Fides.

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17 abril 2024, 12:18