ONU renova embargo de armas ao Darfur por mais um ano
Dulce Araújo (com FIDES) - Vatican News
O embargo fora decidido na sequência dos massacres cometidos pelas milícias árabes pró-governamentais, Janjaweed, contra as populações não-árabes de Darfur.
Ao longo dos anos - refere a agência FIDES que dá a noticia - os Janjaweed foram integrados nas Forças de Apoio Rápido (RSF), lideradas pelo General Mohamed Hamdan “Hemedti” Dagalo, um dos dois intervenientes na guerra que eclodiu a 15 de Abril de 2023, quando as RSF começaram a entrar em conflito com o Exército Regular (SAF), comandado pelo General Abdel-Fattah Burhan.
As RSF conquistaram uma grande parte de Darfur e, por esta razão, o embaixador do Sudão na ONU insistiu que o Conselho de Segurança sancionasse a milícia Dagalo, com medidas específicas.
Organizações humanitárias pedem sanções para todo o Sudão
As organizações humanitárias internacionais apontam, em vez disso, que o embargo de armas deveria ser estendido a todo o território do Sudão, atingindo todas as partes em causa para tentar travar um conflito que já causou pelo menos 20.000 mortes, quase 10 milhões de deslocados e refugiados, enquanto 25,6 milhões de pessoas estão à beira da fome aguda e mais de 755 mil estão perigosamente perto da falta de alimentação suficiente.
Como destaca um relatório recente da Human Rights Watch (HRW), o conflito é alimentado por um fluxo constante de armas proporcionadas por vários fornecedores. De entre eles, segundo as acusações apresentadas pelo Embaixador do Sudão na ONU, estão os Emirados Árabes Unidos, que armam a RSF com munições que passam pela fronteira com o Chade. Na opinião desse diplomata, a recente reabertura, pelo Chade, da passagem fronteiriça de Adré para permitir a transição de ajudas humanitárias, permitiu que as armas chegassem àquela força paramilitar. O Embaixador sudanês disse ainda que, segundo informações obtidas junto de um mercado europeu de ouro, os Emirados Árabes Unidos estão a lucrar com o ouro sudanês extraído em Darfur.
Resposta às acusações
O representante dos Emirados na ONU respondeu às acusações do seu homólogo sudanês, afirmando que se trata de “uma tentativa cínica de desviar a atenção dos fracassos das Forças Armadas Sudanesas” e acusou os militares de Cartum de falta de coragem política e de usarem a fome como arma de guerra e ainda de recusarem ouvir os apelos para pôr termo ao conflito e sentar-se à mesa das negociações.
“Para acabar com este conflito, as SAF devem dar o passo fundamental de participar nas conversações de paz e encontrar a coragem política de negociar com o seu inimigo”, disse ele, referindo-se às conversações de paz em Genebra, nas quais, os militares sudaneses recusaram-se até agora a participar.
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