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20 de Novembro: Dia Nacional de Zumbi e Dia da Consciência Negra

20 de Novembro é Dia da Consciência Negra, no Brasil e na Diáspora. Aliás, todo o mês de novembro é considerado mês da Consciência Negra. Um grande número de atividades culturais e de reflexão sobre a questão da igualdade racial no Brasil e do contributo dos afrodescendentes ao desenvolvimento sociocultural e político do país, tem lugar em todo o território nacional e na diáspora, ao longo do mês.

Dulce Araújo - Vatican News

O ponto alto é neste dia 20 em Serra da Barriga, Estado de Alagoas, no nordeste do país, onde viveu o líder Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência contra a escravidão no Brasil. Ali existe, de facto, o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, considerado a primeira República livre, criada por escravos fugitivos e que durou cerca de um século.  Zumbi foi traído e morto, a 20 de novembro de 1695, pelos portugueses. A sua cabeça foi exposta a público até à decomposição.

A data de 20 de Novembro foi escolhida pelos Movimentos de Resistência para Dia da Consciência Negra, em vez de 13 de maio, data da abolição, em 1888, da escravatura no Brasil, por considerarem que, na realidade, os negros não foram libertos, mas sim abandonados à sua sorte.

O 20 de Novembro que começou por ser celebrado como feriado apenas nalguns Estados e Municípios é, a partir deste ano, graças a uma lei aprovada em 2023, feriado em todo o Brasil, como Dia Nacional de Zumbi e Dia da Consciência Negra.

Em Roma, o Instituto Guimarães Rosa, junto da Embaixada do Brasil, realizou na tarde de terça-feira, 19, um debate com a projeção da curta metragem, “Meu amigo, Pedro Mixtape” de Lincoln Péricles, e intervenções da socióloga, Marcela Magalhães, Doutora em Iberística , Pós-colonialismo e Sociobiodiversidade; do sociológico, Luiz Valério Trindade, especializado em Estudos Étnico-raciais, e de Kuanza Musi dos Santos, Ativista antiracista e formadora sobre diversidade e inclusão. 

Cartaz do encontro no Instituto Guimarães Rosa - Roma
Cartaz do encontro no Instituto Guimarães Rosa - Roma

Marcela Magalhães respondeu afirmativamente à pergunta se existe realmente racismo no Brasil:

Oiça aqui a resposta

Por seu lado, o sociólogo, Luiz Valério Trindade, deteve-se sobre a questão das redes sociais e a discriminação racial, explicando que as principais vítimas são as mulheres negras em ascenção social. 

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Embora o racismo no Brasil tenha as suas origens no sistema escravocrata,  houve momentos, ao longo da sua história, como na viragem do século XIX para XX (com a abolição da escravatura em 1888), em que poderia ter posto termo a esse sistema e criado um país igualitário para todos os seus povos, mas o sistema racial continuou. Marcela Magalhães explica porquê:

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Por sua vez, Kuanza Musi dos Santos, ao intervir no encontro, sublinhou que as mulheres afro-brasileiras são vistas quase sempre como objeto sexual e afirmou que o racismo está em todo o lado porque é sistémico, daí que seja necessário “reaprender o que é o racismo e como se manifesta”, para que possa ser devidamente  combatido.

Os três oradores: Kuanza dos Santos, Marcela Magalhães e Luiz Valério
Os três oradores: Kuanza dos Santos, Marcela Magalhães e Luiz Valério
O Embaixador, Renato Mosca (primeiro à esquerda)
O Embaixador, Renato Mosca (primeiro à esquerda)

O encontro foi introduzido pelo Embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca, que pôs em realce, a importância do Dia da Consciência Negra como estímulo "para uma reflexão profunda sobre a necessidade de combater o racismo em todas as suas formas e de promover a equidade racial no Brasil e no mundo".

Edilson Araújo Santos, nos estúdios da Rádio Vaticano
Edilson Araújo Santos, nos estúdios da Rádio Vaticano

De salientar que no dia 19, o grupo de teatro "Roma Negra", liderado por Edilson Araújo Santos, realizou, em Spin Time Lab, na capital italiana, em colaboração com Samboemia, o espectáculo "Agudás", sobre a África mitológica.  A 21/10/2024, Edilson concedeu à Rádio Vaticano uma entrevista em que ilustrou as suas atividades e o objectivo desse espetáculo. 

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E ainda na linha da comemoração de Novembro mês da Consciêcia Negra, o Centro Cultural brasileiro, Ilê  Odara, realizou no dia 22/11/2024  um evento centrado na Capoeira, com lição de “Roda da Capoeira Angola”, e, no dia 23, Dança dos Orixás, com a Mestra Márcia Regina, e projeção do filme documentário, “Moa, Raiz Afro Mãe”, com mesa redonda e testemunhos. O encontro terminou com uma feijoada brasileira.  Foi em Viale di Porta Ardeatina, 116 A, em Roma. 

Ângelo Oliveira
Ângelo Oliveira

Ângelo Oliveira, Mestre de Capoeira e Presidente da Associação Desportiva e Cultural Ilê Odara, ilustrou, em entrevista ao Programa Português - África da  Rádio Vaticano, no dia 25 de novembro, a filosofia e as atividades do Centro. 

Oiça a entrevista com Ângelo Oliveira
Capoeira
Capoeira
Associação Ilê Odara celebrando Novembro, mês da Consciência Negra
Associação Ilê Odara celebrando Novembro, mês da Consciência Negra

(Fotos: cortesia de Ângelo Oliveira)

Sempre no âmbito de Novembro mês da Consciência Negra, a Rádio Vaticano dedicou o programa, em italiano, "Afrofonia" do dia 9/11/2024 à situação dos Afrodescendentes no Brasil, coloquiando com a escritora e jurista brasileira-italiana, Claudileia Lemes Dias. 

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Claudileia Lemes Dias
Claudileia Lemes Dias

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20 novembro 2024, 17:52