Moçambique. Bispos convocam “Dia de oração pela paz, domingo 24 de novembro”
P. Bernardo Suate – Cidade do Vaticano
Foi publicado nesta terça-feira, o Comunicado da CEM, no final da sua 129ª Assembleia Plenária, que decorreu de 5 a 12 novembro últimos no Seminário Filosófico de Santo Agostinho da Matola, num contexto – escrevem os Bispos - marcado pela recente visita “ad Limina Apostolorum dos Bispos a Roma, pelo clima de tensão sócio-política pós-eleitoral, pela próxima abertura do Ano Santo da Redenção e dos 50 anos da Independência Nacional.
Esperança de Cristo “neste tempo difícil e conturbado”
“Neste tempo difícil e conturbado para Moçambique, saudamos com a esperança que nos vem de Cristo, Príncipe da Paz, a todos os fiéis e homens e mulheres de boa vontade”, assim inicia o documento do Episcopado moçambicano, assinado pelo Vice-Presidente da CEM, o Arcebispo de Maputo Dom João Carlos Hatoa Nunes, e dirigido às Comunidades Cristãs e a todos os Homens e Mulheres de Boa Vontade”.
Sobre a visita “ad Limina” dos Bispos a Roma – uma importante experiência de comunhão efectiva e afectiva com a Igreja universal, sublinham os Bispos – o Comunicado enfatiza os momentos altos do retiro espiritual, o encontro com o Papa Francisco e com os diferentes Dicastérios da Santa Sé, “momento especial não apenas de solidariedade, mas de comunhão com o Santo Padre, e de estar juntos aos irmãos no episcopado”.
“Todos em tudo, livres e credíveis na reflexão e na a acção”: Núncio apostólico
Os Bispos sublinham ainda o seu encontro, durante a Plenária, com o Núncio Apostólico em Moçambique que reiterou a importância da comunhão e da corresponsabilidade de todos na resolução dos desafios sócio pastorais: “todos em tudo, livres e credíveis na reflexão e na a acção”, recomendou o Arcebispo Dom Luís Miguel M. Cárdaba, que também deu indicações e informações aos Bispos sobre questões de importância para a Igreja Católica em Moçambique.
O Comunicado fala em seguida da restruturação dos Departamentos Pastorais da Conferência Episcopal, e com particular realce a criação do novo Departamento do Diálogo e Comunicação, do qual farão parte as Comissões do Diálogo Inter-religioso, Diálogo Ecuménico e Pastoral da Cultura, e será moderado pelo arcebispo Dom João Carlos Hatoa Nunes, enquanto a presidência da CEM permanece com os Arcebispos Dom Inácio Saúre e Dom João Carlos Hatoa Nunes, reconduzidos a Presidente e Vice-Presidente, respectivamente.
Os prelados moçambicanos também apontam para o grande desafio de reforçar as equipas formadoras nos três Seminários Maiores do País (de Nampula, Matola e Maputo), com a superlotação de alguns: daí a necessidade de abertura de um novo Seminário de Teologia na Beira (Centro de Moçambique), entre outras iniciativas, se lê no Comunicado.
Crise pós-eleitoral: não perder a fé no caminho da democracia
O documento da CEM dedica particular atenção à reflexão sobre a crise pós-eleitoral que se vive em Moçambique desde o anúncio dos resultados parciais das eleições gerais do passado 9 de outubro. ”Lamentando a perca de vidas humanas e a destruição de bens durante os dias de protesto, exortamos a todos a não perder a fé no caminho da democracia, da justiça e da paz, procurando soluções justas e efectivas para combater os males de que enferma a nação”, escrevem os Bispos, que dizem sentir a necessidade de mobilizar os fiéis católicos e cidadãos de todas as crenças numa jornada de oração, perante a crescente tensão sócio-política nos últimos dias.
24 de novembro: “Dia de oração pela paz”
Deste modo, os Bispos convocam todos os fiéis a rezar pela paz em Moçambique, no domingo 24 de novembro, solenidade de Cristo Rei, pedindo a intercessão do Príncipe da Paz: “Precisamos da oração, especialmente nesta hora dramática de nossa história, de modo a parar os ventos da violência, do desespero, da desconfiança”, reafirmam os Bispos.
O próximo ano de 2025 será um ano excepcional, pois será o Ano Santo do Senhor e a celebração dos 50 anos da independência nacional, recordam os prelados moçambicanos, ressaltando que “perante tantos sofrimentos que provocam desespero em toda a nossa sociedade, hoje mais do que nunca temos necessidade do ano jubilar, porque o jubileu é o anúncio de que Deus nunca abandona o seu povo” – se bem vivido e celebrado por todos, o jubileu poderá favorecer a restauração de um clima de esperança e confiança em Moçambique, enfatiza o documento episcopal.
E, a terminar, um convite a “manter acesa a chama da esperança e fazer o possível para que cada um recupere a força e certeza de olhar para o futuro com espírito aberto, coração confiante e mente clarividente”, concluem os Bispos da CEM.
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