Somalilândia: a oposição vence as eleições presidenciais
Vatican News
A campanha eleitoral caracterizou-se por intensos debates sobre questões fundamentais, nomeadamente a economia, a democracia, as relações regionais e a antiga questão do reconhecimento internacional da Somalilândia. Entre as políticas mais polémicas da administração cessante, um Memorando de Entendimento com a Etiópia foi alvo de muitas críticas. O acordo previa o acesso da Etiópia para o mar em troca do reconhecimento da soberania da Somalilândia, mas foi duramente contestado pelo governo federal da Somália, que o considerou uma violação da sua integridade territorial. Este episódio gerou tensões não só a nível local, mas também em todo o Corno de África.
A transição de poder ocorreu num momento delicado, apesar de o conflito de Las Anod estar atualmente terminado. As tensões na região, que envolveram também a Puntlândia, puseram em evidência a fragilidade das relações internas e externas da Somalilândia. O governo cessante foi criticado pela forma como geriu a crise e a população manifestou o desejo de uma mudança política que consolidasse a estabilidade.
Apesar de algumas preocupações processuais, a comunidade internacional elogiou o processo eleitoral pela sua transparência e equidade. A significativa afluência às urnas, com mais de um milhão de participantes, sublinha o empenho do povo da Somalilândia na consolidação da democracia.
Abdirahman Irro, um político experiente com uma carreira iniciada em 2002 e quase 12 anos como Presidente da Câmara dos Representantes, enfrenta agora desafios importantes. Estes desafios incluem a gestão das relações com a Etiópia e a Somália e a promoção do diálogo com Mogadíscio. A procura do reconhecimento internacional da Somalilândia continua a ser um objetivo prioritário, mas difícil de alcançar sem um consenso regional e mundial.
A eleição de Abdirahman Irro representa o início de uma nova era para a Somalilândia, trazendo consigo a esperança de uma maior estabilidade política, de um desenvolvimento económico sustentável e de um empenhamento renovado na paz. No entanto, a questão que se coloca é a de saber como é que a nova liderança irá lidar com as tensões residuais relacionadas com Las Anod, apesar de o conflito ter terminado formalmente.
A capacidade de Irro para reforçar o diálogo e construir uma solução partilhada com todas as partes envolvidas, na Somália, será crucial para o futuro da Somalilândia, tanto em termos de estabilidade interna como de consolidação das suas instituições democráticas.
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