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Papa Francisco durante celebração na Capela da Casa Santa Marta Papa Francisco durante celebração na Capela da Casa Santa Marta 

CV II e a reforma litúrgica: Cristo é o grande sacrifício na Eucaristia

“Por isso, a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não assistam a este mistério de fé como estranhos ou expectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, piedosa e ativamente, por meio de uma boa compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos na palavra de Deus; alimentem-se na mesa do corpo do Senhor (SC, 48)."

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, damos continuidade na edição de hoje ao tema da reforma litúrgica trazida pelo evento conciliar.

No programa passado, falamos de um quarto aspecto da reforma litúrgica proposta pelo Concílio Vaticano II: “O verdadeiro sentido do sacrifício da Missa”.

Nesta nossa primeira edição após a festa do Natal, padre Gerson Schmidt - incardinado na arquidiocese de Porto Alegre  e que tem nos acompanhado neste percurso de reflexão sobre os documentos conciliares - nos fala sobre “Cristo, o grande sacrifício na Eucaristia”:

"A Constituição Sacrossanctum Concilium, sobre a renovação da Liturgia, em seu número 47 usa o termo “sacrifício”. Dizíamos, no programa anterior, que precisamos entender esse termo na mentalidade pós-conciliar. 

O caráter sacrifical da missa, demasiadamente penitencial, foi acentuado por uma época na Igreja. Inclusive o movimento litúrgico conciliar pedia ao Papa Paulo VI que se retirasse aquela parte da missa onde o padre diz:  “orai irmãos para que esse sacrifício seja aceito por Deus Pai todo poderoso” – com a resposta do povo - “receba, Senhor, por tuas mãos esse sacrifício, para a glória do teu nome, para o nosso bem e de toda a Santa Igreja”.

O sapiente Papa Paulo VI respondeu prudentemente, na época conciliar, que não conviria tirar o joio para que não acontecesse de também com displicência se tirasse também o trigo. Por isso, por um tempo, se permitiu as experiências e adaptações litúrgicas mais variadas.

Papa São Cipriano afirma: “e uma vez que, em todos os sacrifícios, nós fazemos a memória da paixão de Cristo – é de fato a paixão de Cristo que nós oferecemos – nós não podemos fazer diferente do que Ele fez” (Carta, 63,17).

Por isso, como já afirmamos, a Eucaristia não é um sacrifício nosso a Deus, mas de Deus que se doa livremente a todos nós. Precisamos tirar a ideia pagã do sacrifício que aplacaria a ira de Deus, como os antigos holocaustos e sacrifícios pagãos.

Portanto, o grande sacrifício na Santa Missa não somos nós que fazemos, como se tivéssemos méritos por isso, mas é aquele realizado por Jesus Cristo no altar da cruz, realizado, uma vez por todas, que é atualizado em cada celebração eucarística. Na cruz, a imolação da vítima já foi realizada,  numa morte sangrenta.

“Na Eucaristia, o sacrifício é incruento, sem efusão de sangue, atualizando o grande sacrifício de Cristo pela humanidade inteira.”

Pio XII, na Encíclica Mediator Dei, afirmou essa realidade do sacrifício incruento: “Diferente, porém, é o modo pelo qual Cristo é oferecido. Na cruz, com efeito, ele se ofereceu todo a Deus com os seus sofrimentos, e a imolação da vítima foi realizada por meio de morte cruenta livremente sofrida; no altar, ao invés, por causa do estado glorioso de sua natureza humana, “a morte não tem mais domínio sobre ele”(62) e, por conseguinte, não é possível a efusão do sangue” (Mediator Dei, 63).

Dizia mais o Papa Pio XII nesse encíclica: “Para que, pois, a oblação, com a qual neste sacrifício os fiéis oferecem a vítima divina ao Pai celeste, tenha o seu efeito pleno, requer-se ainda outra coisa: é necessário que eles se imolem a si mesmos como vítimas”(Mediator Dei, 88).

O Concílio, no número 48, recupera esse sentido de nosso oferecimento e participação ativa dos fiéis na missa, dizendo assim: “Por isso, a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não assistam a este mistério de fé como estranhos ou expectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, piedosa e ativamente, por meio de uma boa compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos na palavra de Deus; alimentem-se na mesa do corpo do Senhor; dêem graças a Deus; aprendam a oferecer-se a si mesmos, ao oferecer juntamente com o sacerdote, não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que dia após dia, por meio de Cristo mediador progridam na união com Deus e entre si, para que finalmente Deus seja tudo em todos” (SC, 48)."

Cristo é o grande sacrifício na Eucaristia

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28 dezembro 2017, 10:41