Eco-diagnóstico: uma ideia para ‘cuidar da casa comum’
Rui Saraiva – Porto
Eco-diagnóstico de proximidade desenvolvido por grupos de conversão ecológica – é esta a ideia que foi lançada por uma das promotoras da Rede “Cuidar da Casa Comum”, projeto criado recentemente em Portugal.
Manuela Silva, que foi presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz entre 2006 e 2008, em entrevista à Agência Ecclesia, propõe que sejam as paróquias a dinamizar focos de conversão ecológica, grupos de cerca de 10 pessoas que façam um percurso de aprofundamento da Encíclica ‘Laudato Si’ do Papa Francisco e, ao mesmo tempo, desenvolvam processos de eco-diagnóstico. Ou seja, observar e registar na proximidade os comportamentos pessoais e coletivos com o objetivo da promoção da ecologia integral.
Nas declarações à Agência Ecclesia, a professora de Economia, Manuela Silva, parte de uma inquietação: como sensibilizar as pessoas para a participação?
“Como vamos dar a conhecer a Encíclica e como vamos sensibilizar as pessoas para uma transformação, para uma participação efetiva. E concebemos a ideia de criarmos em vários espaços e eu agora refiro-me mais diretamente às paróquias porque é uma forma de concretizar muito acessível: criar em cada paróquia um foco de conversão ecológica. O que é que são estes focos de conversão ecológica? São pequenos grupos de 5-10 pessoas que aceitem fazer um percurso de aprofundamento da Encíclica e ao mesmo tempo de eco-diagnóstico. Eco-diagnóstico de proximidade. Proximidade quer através de comportamentos pessoais, quer também a nível das celebrações que têm, das catequeses que são praticadas, dos movimentos paroquiais diversos, das obras e tentar perceber como é que esses espaços estão a ser geridos e se eles estão a ser geridos com respeito por uma ecologia integral” – disse Manuela Silva.
Mas o conceito de cuidar da casa comum proposto pelo Papa é mais profundo que um mero sentido de defesa do ambiente. Francisco propõe na sua Encíclica ‘Laudato Si’ uma ecologia que seja integral e envolva todo o comportamento humano em sociedade. Manuela Silva também a isto se referiu na sua entrevista à Agência Ecclesia:
“Ecologia integral no sentido da Encíclica quer dizer, não apenas as questões ambientais físicas, mas também ambientais sociais. Ou seja, a parte da organização da economia, da sociedade, das organizações sociais. E é nesse sentido da ecologia integral que nós desejaríamos que os focos se debruçassem. Vamos contribuir não só com informação mas também com instrumentos de diagnóstico, de observação. Porque, às vezes, nós passamos ao lado de coisas que nos parecem simples e irrelevantes e que, no entanto, são a nossa parte de mudança para que o todo apareça mais verde” – declarou Manuela Silva.
Manuela Silva é uma das promotoras da Rede “Cuidar da Casa Comum” uma iniciativa promovida por várias instituições e movimentos da Igreja Católica e de outras Igrejas cristãs em Portugal.
Tomando como inspiração a Encíclica ‘Laudato Sí’ do Papa Francisco, esta rede tem o objetivo da conversão ecológica. Uma conversão que integre o conceito de ecologia integral promovendo a reflexão sobre estilos de vida pessoal e coletiva e a partilha testemunhal de gestos e comportamentos.
A Rede “Cuidar da Casa Comum” atua em consonância com a Conferência Episcopal Portuguesa e em ligação com a Comissão Episcopal para o Laicado e Família.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui