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Francisco, misericórdia e esperança

Os 5 anos do pontificado de Francisco estão marcados por duas ideias fortes: a misericórdia e a esperança. Recordamos aqui alguns momentos nos quais o Papa expressou estes valores com grande intensidade

Rui Saraiva - Porto

Foi a 13 de março de 2013 que teve início o pontificado de Francisco. Passam agora cinco anos desde essa noite em Roma na qual foi eleito para a Cátedra de Pedro o Cardeal Jorge Mário Bergoglio, passando a ser Papa Francisco, bispo de Roma e Pastor Universal da Igreja.

Neste período de cinco anos, o Santo Padre imprimiu um ritmo pastoral onde duas palavras ganham destaque fundamental: a misericórdia e a esperança. Recordemos alguns momentos deste pontificado onde valores cristãos são declarados com intensidade pelo Papa Francisco.

Papa Francisco 5 anos

Misericórdia: Deus perdoa sempre

Domingo, 17 de março: primeiro Angelus do Papa Francisco numa Praça de S. Pedro superlotada de gente faminta das palavras do Santo Padre, que nesse dia afirmou que o Senhor nos perdoa sempre e tem um coração de misericórdia para todos:
“Ele, nunca se cansa de perdoar, mas nós, por vezes, cansamo-nos de pedir perdão.

“Nunca nos cansemos, nunca nos cansemos! Ele é o Pai amoroso que perdoa sempre, que tem um coração de misericórdia para todos nós. E também nós aprendamos a ser misericordiosos para com todos. (Angelus, 17 de março de 2013)”

Para Francisco a misericórdia realiza-se em pequenos gestos, uma pequena revolução cultural que é um antídoto contra a indiferença. O Santo Padre afirmou-o em outubro de 2016 numa audiência geral no Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

Misericórdia: revolução cultural dos pequenos gestos

Quarta-feira, 12 de outubro: na audiência geral de o Papa afirmou que com simples gestos de misericórdia podemos cumprir uma verdadeira revolução cultural, pois as obras de misericórdia são o antídoto contra a indiferença. Segundo o Santo Padre não basta experimentar a misericórdia de Deus; é preciso que a pessoa que a recebe se torne também sinal e instrumento dela para os outros. Não são precisos grandes esforços ou gestos sobre-humanos. Jesus indica-nos uma estrada muito simples, feita de gestos pequenos, são as obras de misericórdia, em primeiro lugar as corporais – afirmou Francisco:

“Jesus diz que cada vez que damos de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, vestimos uma pessoa nua, acolhemos um forasteiro, visitamos um doente e visitamos um preso, fazemo-lo a Ele. A Igreja chamou a estes gestos ‘obras de misericórdia corporal’, porque socorrem as pessoas nas suas necessidades materiais – disse o Papa.”

No entanto, existem também as obras de misericórdia espiritual: dar bons conselhos, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, consolar os tristes, perdoar as injúrias, suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo, rezar a Deus por vivos e defuntos – recordou Francisco.

Todas estas obras são o modo concreto de viver a misericórdia – declarou o Papa. Não devemos andar à procura de grandes empreendimentos e obras – referiu – o melhor é começar pelas mais simples que o Senhor nos aponta como sendo as mais urgentes. “Num mundo, infelizmente, atingido pelo vírus da indiferença, as obras de misericórdia são o melhor antídoto” – afirmou Francisco.

O Santo Padre foi ainda mais longe e considerou que com estes “simples gestos quotidianos podemos cumprir uma verdadeira revolução cultural”. Francisco recordou os muitos santos que são conhecidos não pelas “grandes obras que realizaram mas pela caridade que souberam transmitir”.

O Santo Padre deu como exemplo Santa Teresa de Calcutá que é recordada não tanto pelas muitas casas que abriu no mundo, mas porque se inclinava sobre cada pessoa que encontrava abandonada no meio da estrada para lhe devolver a dignidade – afirmou o Papa no final da sua catequese.

Viver na esperança

Aproximava-se a Semana Santa no ano de 2013 e no dia 24 de março, Domingo de Ramos, na primeira Páscoa do Papa Francisco, estavam mais de 200 mil fiéis reunidos na Praça de S. Pedro para a Missa. Muitos os jovens presentes. Concretamente, para eles, o Santo Padre dirige palavras de encorajamento dizendo-lhes para viverem na esperança:
“E por favor, não deixeis que vos roubem a esperança! Não deixeis que roubem a esperança! Aquela que nos dá Jesus”. (Domingo de Ramos, 24 de Março de 2013)

Abrir o coração à esperança que é Jesus

Na audiência geral de quarta-feira dia 14 de dezembro de 2016 o Papa propôs mais uma catequese das várias que fez sobre a esperança cristã e recordou o profeta Isaías que nos convida a abrirmo-nos à esperança, acolhendo a Boa-Nova da salvação que é Jesus. E segundo o Santo Padre existem motivos para a esperança: a paz, a liberdade e a consolação – afirmou:

“… quando tudo parece perdido, quando à vista de tantas realidades negativas torna-se difícil acreditar e vem a tentação de dizer que já nada tem sentido, faz-se ouvir a Boa Nova: Deus está a chegar, para realizar algo de novo, instaurar um Reino de paz, vem trazer liberdade e consolação. O mal não triunfará para sempre, acabará a tribulação – afirmou o Papa.”

Somos chamados a ser homens e mulheres de esperança, que proclamam a vinda deste Reino feito de luz e destinado a todos. “Esta mensagem é urgente!” – lembrou o Papa dizendo que devemos também correr, como o mensageiro sobre os montes, de que fala o profeta, porque o mundo não pode esperar, a humanidade tem fome e sede de justiça e de paz.

E a promessa cumpre-se no Menino de Belém, uma criança que nasce “necessitada de tudo” colocada “numa manjedoura”: ali está todo poder do Deus que salva. “É preciso abrir o coração – o Natal é o dia para abrir o coração” – declarou o Santo Padre.
O Papa afirmou que no Natal é preciso abrir o coração a toda a “pequenez” que está ali naquele Menino. Um Natal que devemos preparar “com esperança neste tempo de Advento”.

“É a surpresa de um Deus Menino, de um Deus pobre, de um Deus débil, de um Deus que abandona a sua grandeza para se fazer próximo de cada um de nós” – disse Francisco no final da sua catequese.

Semeadores de esperança

Foi na manhã de quarta-feira dia 31 de maio de 2017 que o Papa Francisco em mais uma catequese sobre a esperança cristã assinalou que é o Espírito Santo que “torna possível” e “invencível” a esperança ao dar-nos “o testemunho interior de que somos filhos de Deus”.

“É uma esperança que “não desilude” – assinalou – porque “o amor de Deus foi vertido nos nossos corações através do Espírito Santo.”

Desta forma, é o Espírito Santo que nos torna capazes de “ser semeadores de esperança”, ou seja, “consoladores e defensores dos irmãos” – disse o Papa recordando, em particular, “os mais necessitados”, os mais “descartados” e os que “mais sofrem”.
Misericórdia e esperança são marcas muito fortes do pontificado de Francisco que no dia 13 de março completa 5 anos.

Misericórdia e esperança são marcas muito fortes do pontificado de Francisco que no dia 13 de março completa 5 anos.

 

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08 março 2018, 11:41