Iraque: Reconstrução parte dos jovens, diz bispo caldeu
Cidade do Vaticano
A reconstrução do Iraque parte dos jovens. E os jovens devem ter a certeza de que encontrarão sempre a Igreja ao seu lado.
É o que assegura o arcebispo de Kirkuk, Yousif Thoma Mirkis, que nestes dias encontrou um grupo de estudantes cristãos e muçulmanos na Universidade de Mosul, acolhidos por longo tempo em sua diocese durante o domínio do grupo jihadista Isis.
Mesmo em um contexto de dramas sociais e devastações, que danificaram ou destruíram moradias, igrejas, espaços culturais e infraestrutura, o ateneu de Mosul “retomou as atividades, procurando assegurar um futuro aos seus estudantes”.
Recomeçar a partir das novas gerações
Depois de anos de guerras, fundamentalismos, divisões e violências que culminaram com a ascensão da facção Estado Islâmico, o arcebispo de Kirkuk dos caldeus considera que é preciso recomeçar a partir das novas gerações, para reconstruir o tecido social, econômico e cultural do país.
Justamente a experiência do encontro, do diálogo e da partilha – conta Dom Mirkis - foi que me levaram “a acolher cerca de 700 estudantes universitários cristãos e muçulmanos, da Universidade de Mosul”, durante a ocupação das milícias fundamentalistas.
“E foi bonito – explica o prelado à Agência Asianews – revê-los recentemente na visita que fiz ao ateneu. Nunca aconteceu comigo de apertar tantas mãos, de tirar fotografias, sorrir ao lado deles. E eram estudantes muçulmanos os primeiros que vinham saudar-me, felizes por imortalizarem o reencontro com uma imagem”.
Cerca de 3 mil estudantes na universidade de Mosul
São cerca de 3 mil os jovens cristãos que estudam na Universidade de Mosul. Diariamente deslocam-se dos povoados e das cidades da Planície de Nínive até a metrópole no norte do Iraque, visto que os alojamentos para estudantes foram danificados ou destruídos . Os sinais de destruição ainda são visíveis por tudo.
“A Igreja – prossegue o arcebispo de Kirkuk – paga a eles as despesas com transporte, enquanto prosseguem os esforços em uma ótica da reconstrução. As pessoas querem virar página, renascer, retomar o caminho interrompido”.
Não às ideologias do passado
Nesta perspectiva – e disto está seguro o prelado – os jovens saberão ser o motor do renascimento, “deixando de lado ideologias políticas ou religiosas do passado que fracassaram e deixaram atrás um rastro de morte e destruição”.
De fato, é necessário saber virar a página, pois não se pode recomeçar com as mesmas divisões, com os mesmos extremismos religiosos que caracterizaram as horas mais escuras do passado recente.
Preservar a unidade
“Devemos preservar a unidade – exorta Dom Yousif Thoma Mirkis – baseando-se no princípio da cidadania de uma nação livre da corrupção, das interferências externas de potências regionais e internacionais”.
Para alcançar esta meta, é necessário favorecer iniciativas que encorajem o encontro e o diálogo. Nesta ótica, o prelado cita como exemplo a recente realização de um vídeo divulgado nas redes sociais, intitulado “Retorno a Mosul”.
As imagens contam a amizade entre dois jovens, um cristão e um muçulmano, que revelou-se mais sólida dos que a loucura jihadista.
Um modo para demonstrar – sublinhou – que “é possível voltar a viver juntos, superando as divisões”.
(L’Osservatore Romano)
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