Reflexão para III Domingo de Quaresma
Pe. Paulo Bazaglia, ssp - Cidade do Vaticano
Jesus praticamente inicia a sua missão pública, no Evangelho de João, entrando no Templo de Jerusalém. Lá ele encontra, em vez de fiéis em oração, vendedores e cambistas. Um comércio tal, que havia transformado a casa de Deus em lugar de exploração, sobretudo dos pobres, com leis religiosas que obrigavam os fiéis a comprar bois, ovelhas ou ao menos pombas para sacrificá-los e assim conseguir a reconciliação com Deus.
Ao fazer um chicote de cordas, Jesus deixa claro que ele é o Messias esperado, aquele que vem para “açoitar” as práticas de injustiça e inaugurar um tempo novo. Ele faz o povo sair daquele centro de exploração, junto com as ovelhas e os bois. Aliás, as ovelhas na Bíblia muitas vezes representam o próprio povo. Jesus vem tirar do Templo, vem libertar da exploração comercial disfarçada de religião. Ele derruba as mesas e o dinheiro dos cambistas e ordena aos vendedores de pombas (a oferta dos pobres) que tirem tudo de lá. Pois o sacrifício de pombas de nada mais serve diante d’Aquele que desceu em forma de pomba, no batismo de Jesus.
Costuma-se dizer que Jesus faz a “purificação” do Templo. Porém o que ele faz, na verdade, vai muito além, declarando que seu próprio corpo é o novo santuário e que a oferta de sua vida elimina a necessidade de sacrifícios de animais. Jesus deixa claro, além disso, que Deus não habita locais onde se explora a fé do povo simples. O Espírito de Deus está presente em Jesus, e esta presença o torna indestrutível. Podem matá-lo, mas sua morte não será definitiva, pois no terceiro dia ele voltará à vida plena.
O corpo de Jesus, sendo a morada de Deus, é para nós o verdadeiro santuário, que nos aproxima do Pai. Na “casa do Pai” somos família, e em família não fazemos comércio, mas agimos na gratuidade do amor. Como família-comunidade, pertencemos ao
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