Bispos da Nicarágua excluem a retomada do Diálogo Nacional
Cidade do Vaticano
A Conferência Episcopal da Nicarágua declarou nesta quinta-feira (31/05) a impossibilidade de voltar à mesa de negociações do “Diálogo Nacional” lançado pelo presidente Daniel Ortega. No comunicado, os bispos da Nicarágua – mediadores entre o Governo e os representantes da população civil – declaram que viveram com profunda dor os violentos acontecimentos perpetrados por grupos armados favoráveis ao governo e contra a população civil. “Condenamos energicamente estas ações violentas contrárias ao legítimo direito de manifestações políticas e rejeitamos de modo absoluto esta agressão organizada e contínua contra o povo, que deixou dezenas de feridos e mais de dez mortos”.
Direitos negados
A Conferência Episcopal sublinha que “não podemos permitir esta violência inumana” e portanto, além de condenar todas as repressões por parte destes grupos que apoiam o governo esclarecem que “não se pode retomar o Diálogo Nacional enquanto for negado ao povo nicaraguense o legítimo direito de manifestar livremente, e continuarem as repressões e assassínios de civis”.
A manifestação
A marcha de quarta-feira (30/05) – considerada a maior manifestação de rua já ocorrida na Nicarágua nos últimos 30 anos – foi convocada em coincidência com os Dia das Mães por um grupo de mães de cidadãos mortos durante a repressão dos protestos acontecidos em 18 de abril no país e que até ontem contava com 82 mortos, números fornecidos pelo próprio governo. A grande manifestação de mais de 5 quilômetros, desfilava pacificamente pelas ruas da capital reclamando justiça para as vítimas da repressão, quando foi atacada por grupos armados que começaram a atirar indiscriminadamente sobre a multidão. O balanço foi de 11 mortos e cerca de 75 feridos.
Ambições e responsabilidades
"Tristeza pela conclusão da jornada em Nicarágua!", escreveu no seu tuíte D. Silvio José Baez, bispo auxiliar de Manágua, denunciando que "a nossa prioridade foi sequestrada pela irracionalidade e a ambição esquizofrênica de poder" e observando: "quanta dor, quanta irresponsabilidade!".
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