Papa Francisco: a oferta de vida para além das fronteiras
Leonardo Baldissera Gonçalves - Florianópolis
A oferta de vida pressupõe o sobrenatural. Analisar a atuação do Pontífice – no que tange ao olhar católico – mostra a figura de Cristo sendo revelada em cada ato político, em cada ação apostólica, mas sobretudo, nas decisões na Igreja. A afinidade dos fiéis com a figura do Papa é admirável, pois a oferta de vida deste homem, sucessor de Pedro, com um potencial alavancado de impactar positivamente a sociedade, ganha a roupagem da liderança política e passa ecoar meio à outras nações. Aqui o Catolicismo Romano suplanta os ouvidos estritamente restritos a Igreja e busca alcançar a humanidade como um todo.
Dominique Wolton , - em seu livro Política e Sociedade - retratando uma sincera entrevista com o Papa Francisco o questiona sobre seu maior defeito; O Papa acusa sua pior fraqueza identificando-a como uma “certa tendência à facilidades e à preguiça”, enquanto sua principal qualidade como “o gosto por ouvir os outros”. Ao jovem argentino, descendente de migrantes, interessado em aprender química , o Senhor confiou uma tarefa árdua de pastorear o povo de Deus, além de ser chefe de Estado na representação da Igreja do Mundo inteiro: A Santa Sé.
Fala Senhor!
É evidente que as declarações do Papa não impactam somente à conduta dos fiéis. A Santa Sé foi o primeiro sujeito de direito internacional que a história conheceu, um fator interveniente e que impacta a Comunidade Internacional. Desde meados do Século XIX, com o processo de unificação do território italiano, o discurso do Papa – o qual constitui um ato de política externa por si só – foi cerceado em seu valor secular e reposicionado quanto ao poder espiritual, ou seja, a Igreja já não ocupava o sistema internacional com a mesma representatividade institucional e jurídica históricas.
No entanto, a missão permaneceu fiel, o Catolicismo Romano foi eloquente quanto à radicalidade da vivência do Evangelho. Aqui a primeira distinção, o Papa, mesmo sem estar respaldado pelo território do Vaticano e seu caráter de Sujeito Internacional soube abarcar as necessidades da humanidade. A função de pastorear o rebanho motivou a Igreja a posicionar-se quanto aos temas mais relevantes sabendo de sua influência – pelos cristãos – à população mundial.
Hoje, com a recente formulação do Estado do Vaticano do início do século XX, a Santa Sé reenquadrou-se à personalidade jurídica com mais propriedade, o discurso ganhou o microfone das Organizações internacionais, alcançou chefes de Estado e suas nações, rebateu críticas e – pela Misericórdia – intercedeu para a vocação do mundo à Paz.
Em fevereiro de 1945 o presidente americano Franklin D. Roosevelt – durante a conferência de Yalta – dirigiu-se a um cardeal buscando compreender como a Igreja Católica poderia intervir nos problemas da comunidade internacional se dispunha de um poderio bélico insipiente: “ De quantas divisões militares dispõe o Cardeal Francis J. Spellman?” ironizou. Dessa maneira a Igreja Católica soube alicerçar suas ações no serviço ao próximo, abandonou as armas para utilizar-se da capilaridade institucional das Dioceses, Paróquias e Comunidades; Em tudo a Paz.
Terra comum, consolo da humanidade
A sustentabilidade aponta para a Terra como nossa “casa comum” como diz o Papa Francisco, tratar dessa temática suplanta uma ação de Política Externa simplesmente. É traduzir o evangelho para a tomada de decisão e ações de Chefes de Estado com relevância política, social, econômica e essencialmente impregnadas na caridade Cristã, alicerçadas na centralidade do ser humano. A criação pede ajuda, a atuação em Política Externa da Santa Sé, na figura de Francisco, vocaliza essa demanda e oportuniza uma solução inovadora ao problema milenar do gerenciamento de recursos naturais.
Nunca a humanidade teve tanto poder sobre si mesma, e nada garante que o utilizará bem, sobretudo se se considera a maneira como o está a fazer (Francisco, 2015).
A encíclica Laudato Si, talvez tenha sido, o documento mais lido por tomadores de decisão da história da Igreja, na atualidade, portanto, a preocupação com o Planeta é uma moldura valiosa para o Evangelho.
Há pouco mais de um ano, Donald Trump visitava o Vaticano para um encontro com o Papa Francisco, o apelo do Pontífice foi de que, enquanto presidente Trump, fosse um pacificador. Trocaram presentes e quis o chefe da Igreja usar da literatura sobre sustentabilidade para alcançar a meta que havia proposto ao presidente americano de contribuir para a paz.
Após a declaração do Papa voltado aos jovens caribenhos- do último domingo dia quinze -, o protagonismo para um novo tempo requer ousadia, vigilância, coragem, energia, características claras da juventude própria em quem ama. As propriedades da Política Externa da Santa Sé, encontram na intervenção divina, e no respaldo de exemplos como os jovens caribenhos, ânimo de mostrar que o Papa Francisco tem seu papel intenso e crescente junto à Comunidade Internacional.
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