Bispos das Filipinas: oração e jejum contra a criminalidade
Cidade do Vaticano
Células islâmicas, drogas, crimes e pobreza: são os dramas que marcam as Filipinas e a Igreja do país que vive ao lado das pessoas, levantando a voz se necessário e tomando várias iniciativas. Assim fizeram os bispos do filipinos ao proclamar três dias de oração, jejum e esmolas depois de terem apresentado uma Exortação com a qual encorajam a não se deixar dominar pelo medo, principalmente nos momentos de dificuldades e perseguições.
Invocar a misericórdia de Deus sobre o país
A motivação da Conferência Episcopal é “invocar a misericórdia de Deus sobre os que blasfemaram o Seu santo nome, sobre os que difamam e dão falso testemunho, sobre os que cometem crimes ou justificam o homicídio como meio para combater a criminalidade no nosso país”. A iniciativa nasceu depois da polêmica entre o presidente Rodrigo Duterte e a Igreja filipina confirmada pelas palavras do missionário em Lake Wood, padre Stefano Mosca: “Continuam sem cessar os casos de crimes por drogas, casos de violência”, nos conta, referindo-se também ao “federalismo que o presidente quer impor nas Filipinas e que representa um problema enorme porque na prática, as regiões não têm autonomia de sobrevivência e ficariam sem a ajuda de Manila”. Depois falou sobre as palavras de Duterte: “lançou frases blasfemas tipo ‘Quem é este Deus estúpido? Criou algo perfeito e então pensa em um acontecimento que poderia tentar e destruir a qualidade de seu trabalho (...) Como se pode acreditar em um Deus assim! Os cristãos que acreditam nele são estúpidos!”. Depois disso – diz o missionário - os bispos reagiram com uma Carta Pastoral destinada a todas as paróquias pedindo para que sejam intensificadas as orações pelo país.
Um massacre sem fim
A realidade é muito complexa. A pobreza, sublinha padre Mosca, dá origem a grandes tráficos de drogas que chegam da China e são causas de violências sem fim. “Os policiais matam os traficantes e as famílias matam por vingança”. As palavras do Presidente e as suas promessas para derrotar o flagelo da droga já faliram: o seu estilo, afirma o missionário, é matar todos os traficantes de droga, e muitos não são nem mesmo traficantes, são pessoas pobres que vendem um comprimido de shabu para poder comer. E são mortos nas ruas, sem problemas, diante de todos e sem processo regular. É um massacre. Por trás de cada morto há uma família que fica sem um pai. Nós rezamos, pedimos também a Nossa Senhora, que aqui nas Filipinas é muito venerada, para que nos ajude a resolver estes problemas. Não precisam os tiros, disparos, mas a boa vontade de todos”.
A Igreja para a reeducação
Padre Stefano confessa que a esperança é que as pessoas não se deixem “enganar pelas palavras do Presidente” e recorda que o compromisso da Igreja é que não prevaleça a lógica da violência, mas a reeducação, a formação profissional e o encaminhamento ao trabalho. O missionário do Pime admite que a fé do povo filipino é colocada a dura prova: “a fé”, afirma, “já está cedendo à lógica do dinheiro. Os crimes não impressionam mais as pessoas”. É preciso levantar a voz. “Eu – admite – algumas vezes durante os sermões digo em voz alta: ‘Não!’, as pessoas respondem, ‘Tem razão padre, mas o que podemos fazer?’ Têm medo. As pessoas nos dão razão, mas têm medo”.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui