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Cristãos devem tomar distância do extremismo, alerta bispo alemão

O assassinato de um alemão de 35 anos nas primeiras horas de domingo, ato cometido supostamente por dois migrantes, desencadeou reações violentas por parte da extrema direita alemã, que promoveu manifestações contra os migrantes em várias cidades, especialmente na Saxônia.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

A violência das manifestações contra estrangeiros tem chocado a Alemanha, além de ter questionado a ação da polícia, que nos dias passados empregou somente 600 agentes contra 7 mil manifestantes. Também nesta quinta-feira, 30, a manifestação de mil simpatizantes da extrema-direita na cidade alemã de Chemnitz foi marcada pela tensão.

O ministro do Interior da Saxônia, Roland Woeller, afirmou que os funcionários do órgão trabalham de maneira concentrada com o apoio da polícia de outros Estados e da polícia federal. “O objetivo é manter a lei e a ordem, com calma e discrição. Não permitiremos a quem quer usar a força para agir nas ruas”, alertou o ministro.

A manifestação foi convocada pelo grupo de extrema direita Pro Chemnitz que conta com 18 mil membros e já protagonizou outras manifestações anti-imigração após a morte de um alemão de 35 anos nas primeiras horas de domingo, esfaqueado supostamente por um iraquiano e um sírio.

Nas violentas manifestações que se seguiram ao assassinato, foi constatada uma verdadeira “caça a estrangeiros”. A violência foi alimentada por fakenews nas redes sociais, segundo as quais o homem assassinado defendia uma mulher da agressão de um imigrante, informação desmentida pela polícia.

Cristãos devem se afastar do extremismo

 

Ao comentar os incidentes em Chemnitz, o bispo católico de Dresden, Dom Joachim Reinelt, alertou que os cristãos devem tomar distância do extremismo. Eles teriam que decidir "em que lado se posicionam", disse em uma entrevista à Agência de notícias católica KNA na quinta-feira.

“É sempre triste quando essas pessoas entram em ação. O fato de todas essas pessoas terem se encontrado em Chemnitz também é típico. Os extremistas de direita mudam de local para marcar presença em todos os lugares. Isso é um duro golpe para esta cidade. Mas acho que 95% de Chemnitz não têm nada a ver com isso.”

O prelado avalia que “todo político razoável teme essa influência terrível, mas ao mesmo tempo está sendo feito mais sobre isso do que parece”, mas “os radicais são difíceis de se alcançar. Eles estão bem organizados”, “teria que se desenvolver um grande serviço de inteligência para ficar de olho neles o tempo todo”.

Defender a paz e não o extremismo

 

Em relação aos cristãos, Dom Reinelt reafirma a necessidade de “ajudar nossas comunidades a chegarem a uma conclusão sobre o extremismo de direita. Os cristãos precisam deixar claro de que lado eles se posicionam. Eles devem defender a paz e não o extremismo”. “Como cristãos, não temos razão para o extremismo. Nós tentamos entender aqueles que se desviaram. Eles não são demônios, mas pessoas no caminho errado”, avalia.

O prelado reitera ainda a necessidade de cuidar dos jovens que precisam de locais onde se encontrar. “Extremistas de direita têm explorado isso, especialmente fora das grandes cidades, quando outros não fizeram ofertas para os jovens”.

A Igreja – avalia o prelado – poderia levantar mais a sua voz sobre esta questão, “mas isso também é muito problemático”, pois “existem diferentes posições entre as partes e até dentro das partes. As igrejas devem ter o cuidado para não comentar apenas de um lado. Sua neutralidade política partidária na Alemanha é um desenvolvimento positivo. Nós não fazemos política, só podemos apoiar políticos”.
 

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Manifestações da extrema direita na Alemanha
31 agosto 2018, 10:50