Cardeal nicaraguense Leopoldo Brenes: basta à repressão
Cidade do Vaticano
“A perseguição a pessoas que não concordam com o governo é algo negativo: devemos conter os ânimos de modo que o país possa verdadeiramente alcançar uma autêntica normalidade.”
Assim se expressou esta terça-feira (07/08) o arcebispo de Manágua e presidente da Conferência Episcopal Nicaraguense, cardeal Leopoldo Brenes, referindo-se à repressão do governo do presidente Daniel Ortega, que desde abril passado já causou a morte de mais de 400 pessoas.
Somente com diálogo se poderá superar a crise
Em declarações feitas ao jornal “El Nuevo Diario”, o purpurado falou de “uma normalidade tensa”, fictícia, recordando que somente através do diálogo será possível encontrar uma solução para a crise.
Em entrevista concedida ao “La Croix”, o cardeal recordou que o papel da Igreja é defender os mais fracos: “Nossa missão é estar a serviço da humanidade; fomos às barricadas recuperar os feridos, entre os quais havia também militares e policiais”.
Cabe aos leigos dar justa direção ao país
O presidente “deve ouvir os desejos de boa parte da população”. A Conferência episcopal “pede que se permaneça dentro do quadro da Constituição. Não podemos suportar um golpe de estado. Domingo, 29 de julho, recordei do púlpito que cabe aos leigos dar a justa direção ao país e conduzir as ações sociais e políticas”, afirmou o arcebispo de Manágua.
Na mesma entrevista, o purpurado ilustrou a situação atual do diálogo nacional. “O diálogo consiste em duas comissões: uma de averiguação e segurança, que trata de crimes, feridos e daqueles dos quais se desconhece o paradeiro, esta comissão continua seu trabalho; e uma segunda comissão de democratização, que está suspensa. Todavia, creio que o governo seja sensível aos pedidos de retomada do diálogo lançados na manifestação de 28 de julho para apoiar os bispos”, prosseguiu.
Manifestações de protestos e confrontos
A tensão é alta em todo o país. Todos os dias se registram manifestações e confrontos. Tem gerado muita polêmica, sobretudo, a decisão do governo de licenciar todos os professores da escola pública que apoiaram as manifestações de protesto.
Justamente para opor-se a essa decisão, na segunda-feira, na cidade de Condega, no norte da Nicarágua, houve uma manifestação estudantil. Muitos estudantes se opuseram a entrar nas salas de aula, “para não apoiar os assassinos”, afirma um comunicado. As aulas estão suspensas em várias escolas da cidade.
Ruas tomadas pelos estudantes
Os estudantes tomaram as ruas com faixas pedindo a readmissão dos professores licenciados. Durante a manifestação, transmitida nas redes sociais, os estudantes gritaram slogans como “São professores, não são criminosos!”.
Ortega acusa OEA de ser controlada por governos de direita
Por sua vez, o presidente Ortega voltou na segunda-feira a acusar a Organização dos Estados Americanos (OEA) de ser “controlada por governos de direita” que, com o apoio dos EUA, estão fazendo graves interferências nos assuntos internos da Nicarágua.
Na entrevista concedida a um diário online, difundida na segunda-feira, o mandatário nicaraguense ressaltou que “o que mais enfraquece a OEA neste momento é a atitude de vingança dos governos de direita que atualmente são a maioria na América Latina”. Estes estados querem “fazer a guerra a países que defendem uma relação de respeito e não ingerência”, acrescentou o presidente Ortega.
(L'Osservatore Romano)
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