Hiroshima. Bispos japoneses condenam armas nucleares
Cidade do Vaticano
“Os graves conflitos regionais, o terrorismo, a ameaça das armas nucleares, o problema dos refugiados, as várias formas de discriminação e as disparidades econômicas continuam ameaçando a paz das pessoas no mundo inteiro.”
É o que afirma o arcebispo de Nagasaki e presidente da Conferência Episcopal Japonesa, Dom Joseph Mitsuaki Takami, numa reflexão difundida por ocasião da iniciativa anual Ten Days for Peace, (Dez Dias para a Paz) promovida para recordar as vítimas dos bombardeios atômicos sobre Hiroshima e Nagasaki (ocorridos nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente).
Proibir as armas nucleares
O pronunciamento, em que se volta veementemente a pedir a proibição das armas nucleares, se abre recordando a imagem escolhida pelo Papa Francisco para denunciar “o fruto da guerra”: uma foto tirada pelo fotógrafo estadunidense Joseph Roger O’Donnell após o bombardeio atômico em Nagasaki, que mostra “um menino esperando sua vez no crematório para o irmão morto amarrado em suas costas”.
Celebram-se também estes dias outras datas, o centenário do fim do primeiro conflito mundial, os setenta anos do assassinato de Martin Luther King, ocasiões que requerem uma nova reflexão.
Armas nucleares responsáveis pela corrida armamentista
O arcebispo de Nagasaki e presidente dos bispos japoneses recorda que em julho do ano passado a assembleia geral das Nações Unidas adotou o Tratado sobre a proibição das armas nucleares, mas até então poucos países o ratificaram.
“É forte a ideia de que as armas nucleares são necessárias para a dissuasão. Todavia, a posse de armas nucleares é, sobretudo, responsável pela corrida armamentista que leva inevitavelmente à dependência econômica da indústria dos armamentos e da procura militar, e modela a política”, observa o prelado.
É preciso reconciliação, paz, compreensão
A dissuasão “é uma tentativa de manter a paz por meio de armas, mas aumentando ulteriormente tais fatores de conflito como hostilidade, desconfiança recíproca e conflitos de interesse, gradualmente se rompem os fundamentos da reconciliação, da paz e da compreensão recíproca”.
“Os problemas urgentes que o mundo enfrenta (ambiente, refugiados, disparidades de riqueza e pobreza) nasceram da teoria da dissuasão e das suas instituições econômicas desequilibradas”, ressalta ainda o arcebispo de Nagasaki.
(L'Osservatore Romano)
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