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Cristão em Kandhamal recorda os massacres de 2008 Cristão em Kandhamal recorda os massacres de 2008 

Índia: cristãos recordam dez anos dos massacres em Orissa

Passados dez anos da onda de violência contra os cristãos que provocou mortes e destruição de igrejas e moradias no Estado indiano de Orissa, grupos ainda clamam por e justiça.

Cidade do Vaticano

Completa dez anos a campanha de massacres anticristãos verificados em Orissa em 2008, naquela que é considerada a maior onde da violência contra uma comunidade religiosa na história da nação. Ainda hoje a população do distrito de Kandhamal, no Estado indiano de Orissa – palco dos massacres – tem necessidade de assistência e clama por justiça.

Maior ataque contra uma comunidade religiosa

 

“Esperamos que se recordem da tragédia ocorrida em Orissa em 2008. Apenas oito dias após os festejos do Dia da Independência, a Índia foi testemunha do maior ataque contra uma comunidade religiosa em toda sua história. Desde 2009, as pessoas de Kandhamal recordam-se do 25 de agosto como Dia da Memória pelas vítimas. Este ano será o décimo aniversário das violências”, revela a equipe do National Solidarity Forum, rede de mais de 70 organizações indianas, que incluem ativistas, sacerdotes, religiosos, advogados, fiéis cristãos e hinduístas.

Destruídas 393 igrejas e 6.500 casaa

 

Segundo dados revelados pelo National Solidarity Forum, durante a onda de violência foram queimadas 393 igrejas e locais de culto pertencentes aos cristãos adivasis (tribais) e dalit, cerca de 6.500 casas ficaram completamente destruídas, mais de cem pessoas foram mortas, mais de 40 mulheres foram vítimas de estupros, moléstias e humilhações e diversas instituições educativas, sociais e de saúde foram saqueadas, fazendo com que mais de 12. 000 crianças perdessem a oportunidade de ter uma instrução. Mais de 56.000 pessoas foram obrigadas a fugir de Kandhamal e buscarem refúgios nas florestas.

Conversões forçadas aos hinduísmo

 

Também foram registrados diversos casos de conversão forçada ao hinduísmo por parte do grupo extremista hindu "Sangh Parivar". Os deslocados de Kandhamal estão ainda hoje espalhados por diversas partes do país. Muitos deles não podem retornar para seus povoados de origem, sendo obrigados a recomeçar a vida, buscando casa e trabalho distante de seu distrito de origem.

Após dez anos de violências e abusos, “os sobreviventes de Kandhamal ainda lutam pela paz, a justiça e a harmonia”, diz o Fórum.

Ressarcimentos forçados ao hinduísmo


Como também denuncia a Igreja Católica em Orissa, os ressarcimentos do governo aos sobreviventes foram inadequados. Foram feitas 3.300 denúncias, das quais apenas 820 foram analisadas pelos tribunais. Destas, 518 foram reconhecidas como “admissíveis” pela Corte, porém mais tarde 247 denúncias foram arquivadas, sem terem sido reconhecidos culpados por várias razões, como falta de provas ou de testemunhas.

O restante dos casos ainda tramita nos tribunais de primeira instância, enquanto muitos casos foram resolvidos com uma absolvição. Levando em consideração o número de denúncias apresentadas, apenas 1% dos casos levou a alguma conclusão processual.

Sentença da Suprema Corte

 

Em 2 de agosto de 2016, uma sentença do Supremo Tribunal reconheceu que os ressarcimentos para as vítimas de Kandhamal não era suficientes. “Portanto, aqueles que foram excluídos das listas dos destinatários de compensações devem ser imediatamente incluídos. Isto inclui o ressarcimento às famílias daqueles que foram mortos, um ressarcimento pela destruição de casas e propriedades, um ressarcimento pelas moradias e igrejas, pelas instituições e ONGs”, defende o Fórum.

Pedido de reexame

 

A Alta Corte considerou “inquietante” o fato de que 315 casos de violência comunitária tenham sido arquivados e pediu ao governo estatal para reexaminar estes casos, mas os processos ainda não foram reabertos.

Para assegurar a justiça aos sobreviventes da tragédia de Kandhamal, o National Solidarity Forum pelas vítimas de Orissa pede hoje: uma task force para monitorar os casos e os processos; a proteção das testemunhas contra as intimidações; uma investigação livre e imparcial para reabrir os casos arquivados.

Nenhum dos culpados está preso

 

“Hoje, nenhum dos criminosos responsáveis pelas violências está na prisão. Os assassinos, os estupradores, os saqueadores estão livres, enquanto sete cristãos inocentes ainda estão presos injustamente”, acusados de homicídio do líder hinduísta Swami Laxanananda Saraswati, episódio que desencadeou a violência.

Iniciativas das celebrações

 

É em tal contexto que o National Solidarity Forum e a Associação dos sobreviventes de Kandhamal lançam um apelo “àqueles que acreditam na laicidade, democracia, justiça, paz e harmonia, para que observem o dia 25 de agosto de 2018 em memória às vítimas de Kandhamal, ou em dias próximos a esta data. O Dia será observado em 28 de agosto em Kandhamal e o 29 de agosto em Bhubaneshwar”, na presença de mais de dez mil pessoas.

Justiça pelas vítimas

 

Durante as várias celebrações, será pedido o apoio à atuação da justiça em favor das vítimas, por meio da identificação dos culpados e a reconstrução das casas e igrejas destruídas.
Ademais, será pedida a instituição de uma “Comissão para as minorias de Orissa”, para “esconjurar decisões tendenciosas no futuro e para tutelar processos de decisão harmoniosos e participativos, para todos os cidadãos de qualquer fé religiosa”.

O Fórum recorda que todos estes pedidos foram apresentados ao Presidente da Índia há três anos mas, não obstante as promessas e assegurações recebidas, nenhuma ação específica foi tomada”.

(Agência Fides)
 

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08 agosto 2018, 16:36