Paramilitares continuam a intimidar opositores na Nicarágua
Cidade do Vaticano
A repressão e as intimidações dos paramilitares e "oficialistas" na Nicarágua não dá tregua, não obstante os apelos de organismos internacionais. Na segunda-feira, 20, foi noticiado o sequestro na cidade de León do advogado Carlos Cárdenas Zepeda, jurista e consultor da Conferência Episcopal nicaraguense no Diálogo Nacional, interrompido desde junho.
Intimidação à sacerdote e jovens em retiro
Golpistas, assassinos, diabos de batina e pedófilos. Estes foram alguns dos improperios proferidos por um grupo de 20 orteguistas contra o padre Eduardo Carrillo, durante o assédio à Paróquia São Tomás Apóstolo, na cidade Corinto, 153 km à oeste de Manágua.
Um grupo de jovens guiado pelo sacerdote participava de um retiro espiritual no sábado, quando chegaram os “oficialistas”, que recém haviam participado de uma manifestação que pedia justiça para “as vítimas do terrorismo golpista”. Eles queriam se certificar de que não havia no encontro jovens participantes dos protestos que pediam a renúncia do casal presidencial.
“Não tenho nada a esconder e os convidei a sair”, disse o sacerdote ao confirmar a intimidação, que ficou registrada em um vídeo que circulou nas redes sociais.
O ato ocorreu no momento em que a Arquidiocese de Manágua afirmava que encapuzados haviam atacado em julho passado o sacerdote Pedro Méndez no Bairro indígena de Monimbó, em Masaya.
Em solidariedade ao sacerdote e ao grupo de jovens, a população local lotou a igreja na Missa celebrada às 10 horas no domingo.
Diálogo sempre mais difícil
Mas as agressões dos “oficialistas” não se limitam à paroquianos ou sacerdotes. Jovens e populares que participaram das manifestações contra o governo também denunciaram terem sofrido agressões e ameaças de morte nos dias que se seguiram às manifestações. Enquanto isto, se espera pela retomada do diálogo, sempre mais difícil.
Os bispos da Conferência Episcopal Nicaraguense disseram no domingo não terem recebido até o momento nenhuma comunicação por parte do governo Daniel Ortega para a retomada do Diálogo Nacional.
Desde final de junho, as negociações mediadas pela Igreja Católica estão interrompidas, mas os bispos não perdem a esperança, pois acreditam ser este o único meio pacífico para sair da crise política pela qual atravessa o país.
“Estamos sempre à espera. Enviamos uma carta onde expressamos nossa disponibilidade como mediadores e testemunhos na mesa de negociações. Esperamos iniciar quando for conveniente, porém não tivemos nenhuma resposta até o momento”, explicou o bispo auxiliar de Manágua, Dom Silvio José Baéz.
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