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Só a paz e a estabilidade detêm emigração de cristãos, dizem patriarcas católicos do Oriente

"Repetimos a todos, especialmente aos políticos, que a melhor ajuda para dar aos nossos fiéis é permitir que eles fiquem em suas casas, em seus países, não provocar agitações políticas e as várias formas de violência que os forçam a emigrar", dize o Conselho dos Patriarcas Católicos do Oriente em carta elaborada em 2017 e relançada em 3 de agosto pelo Patriarcado Latino

Cidade do Vaticano

"Repetimos a todos, especialmente aos políticos, que a melhor ajuda para dar aos nossos fiéis é permitir que eles fiquem em suas casas, em seus países, não provocar agitações políticas e as várias formas de violência que os forçam a emigrar."

Este é o apelo contido na décima primeira carta pastoral do Conselho dos Patriarcas Católicos do Oriente (Cpco), publicado em 20 de maio de 2018, e relançada em 3 de agosto pelo Patriarcado Latino de Jerusalém. O documento - relata a agência Sir - foi elaborado durante a reunião do Cpco, realizada de 9 a 11 de agosto de 2017, nas proximidades de Beirute, no Líbano.

Três mensagens contidas na carta pastoral

 

Na carta intitulada "Os cristãos do Oriente hoje, medos e esperanças – Em tudo, de fato, somos atribulados, mas não desanimados; prostrados, mas não aniquilados"(2 Cor 3, 4), os patriarcas católicos do Oriente  refletem sobre a situação humana, social e política dos países do Oriente Médio, visto que “nenhum país árabe conhece a paz ou a estabilidade" por causa de guerras, terrorismo, pobreza, emigração dos cristãos.

Três as mensagens contidas: "a primeira aos nossos fiéis; a segunda aos nossos concidadãos e aos governantes dos nossos países; o terceiro àqueles que no Ocidente que decidem sobre a política do Oriente Médio e Israel ".

O apelo aos fiéis do Oriente Médio: resistir à tentação da emigração

 

Os patriarcas recordam aos seus fiéis da "importância da presença cristã no Oriente e da presença de cada um de vocês em seus países onde Deus os chamou e os enviou. Em tempos difíceis, seus países e suas igrejas precisam de você. Nós dizemos a vocês para resistir o quanto puderem à tentação da emigração e para continuar vivendo sua missão em seus países e em suas Igrejas. O futuro das nossas Igrejas e da presença cristã em geral na região depende também da decisão de vocês de deixar ou aceitar a vontade de Deus, permanecendo onde ele chamou vocês".

O apelo aos governantes: ouvir a voz dos pobres e dos oprimidos, respeitar a laicidade

 

Aos políticos e aos governantes dos países do Oriente Médio, os patriarcas pedem para ouvir a voz dos pobres e oprimidos e de não ceder às "pressões externas mundiais e às grandes potências que pretendem mudar a seu bel prazer" a região.

A carta então reitera a necessidade de construir "um estado laico, baseado na igualdade de todos os seus cidadãos, sem discriminação baseada em religião ou qualquer outra razão. Um estado laico separa religião e estado, mas respeita todas as religiões e as liberdades. Esforça-se por compreender melhor a questão religiosa em nossos países, com seus componentes, cristianismo, islã e comunidades drusas, sem permitir que se transformem em confessionalismo religioso ou político".

Isto implica "novas visões" por parte dos líderes religiosos cristãos, muçulmanos e drusos, unidos pela fé em um Deus único, líderes que colaborem e se esforcem para formar crentes que se amem, seja qual for a sua respectiva religião."  Está nesta visão a resposta ao extremismo religioso e à exclusão que ainda vive nos corações de muitas pessoas.

A denúncia das responsabilidades do Ocidente

 

Forte na carta também a denúncia das responsabilidades do Ocidente. "No Ocidente existem povos bons e amigos, civilizações antigas - escrevem os patriarcas - mas existem também responsáveis políticos que tomam decisões que dizem respeito ao Oriente Médio e a todos os nossos países, com base em seus interesses econômicos e estratégicos, à custa dos interesses de nossos países".

"Isso - dizem os patriarcas - começou com a destruição do Iraque e depois da Síria, e com o enfraquecimento do Egito. A Jordânia e o Líbano vivem sob uma ameaça permanente. Criaram-se conflitos ou alianças no Iêmen, no Bahrein, na Arábia Saudita e nos países do Golfo. E  está sendo preparada  uma guerra contra o Irã. Esta é a realidade em que vivemos atualmente".  Esta "política de destruição no Oriente Médio, liderada pelo Ocidente", é também a causa "da morte e da migração forçada de milhões de pessoas de nossos países, incluindo cristãos".

O terrorismo islâmico é o resultado da interferência de potências estrangeiras

 

A consequência direta desta política é "o terrorismo que se estabeleceu em nossos países, antes de voltar-se contra o mesmo Ocidente que deu origem a ele".

O terrorismo nasceu porque aqueles que fazem a política no Ocidente, recorreram a isso como uma ferramenta eficaz para mudar a face do Oriente. Com seus aliados na região, eles criaram o Estado Islâmico, o ISIS, com material humano local, desfrutando do extremismo religioso existente e uma compreensão deturpada da religião. Em outras palavras, eles atingiram as pessoas através de sua própria religião. Com o Isis, o terrorismo religioso atingiu os limites extremos da crueldade e da desumanidade ".

Os terroristas islâmicos não matam somente cristãos, mas também outros muçulmanos

 

Dos patriarcas também vem uma advertência:  "No Ocidente, muitas pessoas, incluindo os próprios políticos, dizem que os extremistas muçulmanos mataram cristãos e o cristianismo no Oriente está desaparecendo. A imagem aparente e os fatos parecem confirmar o que eles dizem, mas na realidade - recordam os patriarcas - os extremistas muçulmanos que mataram cristãos, mataram também muçulmanos (sunitas e xiitas), Yazidis, alauítas, drusos e todos aqueles que se opuseram a eles .

Os verdadeiros assassinos são aqueles que tomam as decisões no Ocidente, que, com seus aliados na região, querem criar um novo Oriente Médio, de acordo com suas visões e seus interesses".  "É verdade que no Ocidente os povos amigos levantaram suas vozes e expressaram sua solidariedade conosco, e o mesmo fizeram as Igrejas – lê-se na carta -, mas para aqueles que fazem a política do Oriente Médio, nós, os cristãos, não existimos.

O apelo para que Israel reconheça o Estado palestino

 

Os patriarcas católicos dirigem também um apelo pela  Palestina: "Os palestinos reconheceram o Estado de Israel; agora, que este último reconheça o Estado palestino nos restantes 22% de suas terras, incluindo Jerusalém Oriental ". "A amizade do povo palestino com Israel – é sublinhado na carta - é a porta da salvação e da sobrevivência do Estado de Israel e uma condição necessária para a verdadeira paz na região".

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05 agosto 2018, 10:14
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