Dublin: dezenas de brasileiros como voluntários no Encontro das Famílias
Rafael Pierobon – Dublin
Do aeroporto aos atos centrais. Dos pontos turísticos ao transporte. Em todo grande evento católico internacional eles estão por toda a parte e são fundamentais para que tudo corra bem: são os voluntários. Para o Encontro Mundial das Famílias 2018 em Dublin devem chegar a 10 mil. Apenas da comunidade católica brasileira na capital da Irlanda “Católicos em Dublin” são cerca de 50 inscritos para ajudar durante os seis dias do evento.
A responsável pelo grupo de voluntários brasileiros destaca a oportunidade de servir em terra estrangeira. “ Como grupo estamos muito feliz. É uma forma de agradecer e retribuir o que o povo irlandês faz por nós e a forma como a Igreja local nos acolheu, nos deu espaço e apoio para as atividades religiosas em português também”, afirma a gaúcha Renata Agostini, que se prepara para sua terceira experiência de voluntariado em eventos internacionais.
Ela esteve entre os colaboradores nas Jornadas Mundiais da Juventude do Rio de Janeiro (2013) e da Polônia (2016) e estará também na JMJ do Panamá, em janeiro. “Em todos os eventos internacionais em que participei, o que mais me marcou foi a manifestação de fé. Quando estamos longe de casa, longe do nosso país, por vezes a fé é nosso único amparo e consolo”, confessa.
Henrique Damiani mora na Irlanda há um ano e meio, já participou de treinamentos para o Encontro Mundial e está ansioso para seu primeiro evento internacional como voluntário. “Está sendo uma experiência muito bacana que só está nos agregando e nos fazendo crescer. É um prazer gigante porque além de estar ajudando ao próximo, nos engrandece como pessoa”, ressalta.
Ele não tem dúvida de qual é a principal missão dos voluntários durante o Encontro das Famílias. “Fazer com que as famílias que vierem para cá se sintam acolhidas, se sintam com segurança. Pensar que vou ser útil”, afirma.
Voluntários estarão em todas as atividades
Os trabalhos são os mais variados. Envolvem atividades como recepção e orientação dos peregrinos no aeroporto e nos principais pontos de Dublin, nos locais de congressos e celebrações, traduções, trabalho de mídia e liturgia.
Somente para a missa de encerramento presidida pelo papa Francisco no domingo, 26 de agosto, estão sendo recrutados 4 mil ministros da comunhão. 500 mil pessoas esgotaram os tíquetes para a celebração.
Mas muitos dos inscritos já começaram a colocar a mão na massa. A organização tem convocado voluntários para passar paramentos litúrgicos, auxiliar em ensaios e montar as mochilas que serão distribuídas aos mais de 30 mil participantes do Congresso Pastoral, que ocorre entre os dias 22 e 24 de agosto. Em dois dias cerca de 80 voluntários prepararam mais de 35 mil kits, compostos por capa de chuva, terço, mapas da cidade, livros de orações e até um rádio para ouvir as traduções das palestras e celebrações.
Comunidade brasileira é a maior não-europeia na Irlanda
Ouvir pessoas falando português enquanto se caminha nas ruas do Centro de Dublin é algo certo. Isso porque a comunidade brasileira é a maior entre os países que não fazem parte da União Europeia e que, portanto, precisam de autorização para estudar e trabalhar na Irlanda. Até o ano passado eram 9.225 brasileiros com visto de estudante vivendo na ilha, de acordo com dados do Departamento de Justiça, publicados pelo jornal The Irish Times. Os chineses, segundo no ranking, eram 3,127, seguidos por Estados Unidos, India e Malásia.
No entanto, dados do censo 2016 apontam que 13.640 brasileiros viviam no país. Além de estudantes, há brasileiros com visto para trabalho e aqueles com dupla cidadania, que além de brasileiros conseguiram o reconhecimento como italianos, espanhóis, etc. O Brasil estava entre o grupo de apenas 12 países com população acima de 10 mil habitantes na Irlanda. Entre os não-Europeus apenas a Índia também figura nessa faixa.
A maioria dos estudantes brasileiros vêm à Irlanda para estudar inglês. O visto dá direito a viver no país por oito meses, renováveis até mais duas vezes, e permite trabalhar até 20 horas semanais.
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