Chamado do Papa ultrapassa fronteiras eclesiais na Amazônia
Cidade do Vaticano
Jovens da Amazônia brasileira estiveram reunidos em Manaus/AM, entre os dias 07 e 09 de setembro, na escuta para o Sínodo de 2019.
Em atividade realizada pela Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil, os 30 representantes, de uma diversidade de grupos juvenis, refletiram sobre o Sínodo e responderam ao questionário do Documento Preparatório.
Ao Vatican News, Tipuici, da comunidade indígena Manoki, conta a sua experiência e mostra como o chamado do Papa Francisco ultrapassou as fronteiras eclesiais na Amazônia:
Pastorais, movimentos eclesiais e sociais, congregações religiosas, comunidades indígenas e quilombolas estiveram representadas no encontro. Os jovens divulgaram uma carta aberta à Igreja e à sociedade. No texto, que reflete as respostas ao questionário, os jovens indígenas, caboclos, ribeirinhos, quilombolas, extrativistas, habitantes da zona rural e urbana, moradores das periferias e das fronteiras, afirmam que são “afetados diretamente pelas ameaças que dia a dia excluem, matam, degradam e cerceiam a vida dos povos”.
Ainda na carta, denunciam “os grandes projetos como a construção de hidroelétricas, a exploração do minério, as indústrias, garimpos, contaminam nossos rios, invadem nossos territórios e nos condenam a uma vida sem qualidade e plenitude atestando a ausência de políticas públicas e de adequada regulação do Estado. O livre acesso nas fronteiras ameaçam a vida das mulheres, crianças e adolescentes que são exploradas, abusadas, traficadas e prostituídas para atender uma lógica que transforma as pessoas em mercadorias. O narcotráfico, o extermínio dos jovens nas cidades, os problemas relacionados à saúde mental e suicídio são ameaças em nossa realidade particular. A desvalorização e banalização dos elementos da cultura indígena, a falta de agilidade nos processos de demarcação dos territórios, o infanticídio causado pelo avanço do agronegócio, a imposição da religião cristã representam graves problemáticas à vida dos povos indígenas, a quem devemos ter um olhar especial durante este Sínodo”.
Pensando na Igreja com rosto amazônico, a juventude da Amazônia brasileira afirma querer que ela seja “inculturada, que respeite a diversidade da juventude dos povos amazônicos, que resistem e assumem as lutas nos diversos espaços em que estão inseridos”. E pedem “à hierarquia eclesial e a todo o povo de Deus, coragem para responder aos desafios do nosso século e que possam acreditar na beleza da novidade que a juventude traz”, afirma o texto.
Os jovens encerram a carta manifestando apoio ao Papa Francisco, cujo pontificado “lança sopros de alegria e novidade no seio da Igreja no processo de escuta do Sínodo da Juventude e Sínodo para a Amazônia”, dizem os eles. Como horizonte a ser perseguido, a partir do Sínodo, os jovens afirmam sonhar “uma Igreja na qual as juventudes sejam protagonistas e que as mulheres tenham voz e vez. Uma igreja que promova e defenda a vida em todos os âmbitos, sem medo de assumir e atuar na opção preferencial pelos pobres, a luta dos povos indígenas, comunidades tradicionais, migrantes e jovens da Amazônia. Uma Igreja menos clerical, em que os leigos e leigas, especialmente as juventudes, se apropriem, sejam protagonistas na ação pastoral e tenham apoio na capacitação técnica para sua atuação, dentro e fora dos espaços eclesiais”, concluem as juventudes da Amazônia brasileira presentes na atividade de escuta.
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