Jovens em retiro espiritual: sem celular, mas com o Evangelho
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O Sínodo dedicado à juventude se aproxima, como tem se aproximado dos jovens o Movimento de Cursilhos de Cristandade (MCC Brasil).
“Algumas pessoas realmente não compreendem porque tem o próprio paradigma de achar que é difícil, de como a gente consegue buscar uma ligação com Jesus. Muitas pessoas acham que vai ser uma ligação inútil. Mas, geralmente, são essas pessoas que mais precisam desse contato. Quem se coloca com receio e desconfiança é quem mais precisaria desse momento. Mas, fazer o convite pras gurias, tem sido muito positivo! Na nossa faixa etária, há muita ânsia de procurar um momento de se desligar para se reencontrar. Acredito que seja consequência da nossa vida muito vigiada, de comparações nas redes sociais, pode interferir na estima e vínculos sociais. Quando a gente oferece o convite aos jovens, geralmente já vem com o ‘sim’ acompanhado, e sem muita desconfiança.”
O testemunho é de Tanise Santin Biason, com formação em Publicidade e Administração, natural de Erechim, no interior do Rio Grande do Sul. Ela tem 29 anos e há 8 teve seu primeiro contato com o Movimento de Cursilhos na sua região. Desde 2014, porém, está envolvida diretamente com a entidade, estruturalmente organizada no Brasil desde a década de 60, e internacionalmente reconhecida e aprovada pela Santa Sé, através do Pontifício Conselho para os Leigos. Na metade do ano, ela trabalhou no encontro dedicado às jovens, ocasião para disseminar o potencial evangelizador ao grupo, mas também de fortalecimento pessoal.
Os retiros espirituais do MCC Brasil
“Este retiro é anual, mas da mesma forma que estou ali ‘trabalhando’, também estou me reconectando. Estou servindo, mas também enchendo o meu coração. É um ganho contínuo. Claro que também temos a necessidade de aplicar e disseminar essa corrente, mas também estamos ganhando. Então, é isso que alimenta: a gente continua, ano a ano, a cada formação, enchendo o nosso coração e a nossa espiritualidade.”
Esse tipo de retiro acontece uma vez por ano e é destinado a leigos e sacerdotes, a grupos de jovens, adultos e casais, mas a preparação acontece durante o ano inteiro. O Movimento tem como tripé: a oração, para uma busca interna e pessoal; a formação, que envolve inclusive escolas da região; e a ação, com trabalhos voluntários e sociais desenvolvidos em instituições de caridade, por exemplo.
Jovens "com olhos de Jesus"
É com esse espírito renovador que os jovens têm buscado no Evangelho um suporte espiritual para voltar a se conectar com a vida pessoal. Um momento que pode receber apoio inclusive de casa. Tanise conta que, visto que os pais e a maioria dos familiares são cursilhistas, já existe a compreensão dos benefícios e da necessidade dos retiros para a sua vida.
“Na realidade, é um desafio bem grande! Quem participa do retiro é convidado a ficar off do celular. Ás vezes, ficamos até preocupados porque a profissão exige que estejamos sempre conectados, e com o imediatismo de resolver problemas... Mas o período do final de semana a gente fica sem contato externo. O momento é para realmente se permitir a esse desafio, porque o benefício é gigantesco! A gente retorna do retiro no domingo à noite e não dá vontade de pegar o celular de volta. Dá até um certo medo, porque vai ter lá 600 notificações e agora? Não estou com vontade de voltar para esse turbilhão de informações que, a gente sabe, são inúteis e sem um conhecimento e produtividade real. Então, é um momento realmente de pausa e que a gente se permite ponderar o que vale a pena, o que estou fazendo da minha vida, qual o sentido dela, visando muito a busca da espiritualidade – que esse é até o carisma do movimento, de evangelizar os ambientes. Refletimos sobre a Palavra de Jesus, e se permite ver com os olhos de Jesus.”
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